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Brasil agora busca comércio com países andinos

Por Agencia Estado
Atualização:

Sem perspectivas em relação às negociações com a União Européia ou pela Área de Livre Comércio das Américas (Alca), e a despeito da nova rodada da Organização Mundial do Comércio (OMC), o governo brasileiro aposta agora na conclusão na liberalização do comércio com os países andinos, ainda neste ano. A mudança da estratégia do Brasil - e do Mercosul - na ampliação de seus mercados, entretanto, envolve a pesada atuação do BNDES como agente financiador de investimentos brasileiros nos países vizinhos, parcerias empresariais e das operações de comércio. "As negociações na OMC, na Alca e com a União Européia não nos dão sinais encorajadores. Andam mais devagar do quer se poderia esperar", afirmou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral. "Por conta disso, queremos atuar com parceiros mais dispostos às negociações e com nossos vizinhos. Existem condições para fecharmos um acordo de livre comércio com os países andinos até o final do ano", completou, depois de se reunir aos embaixadores da Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. O tema será tratado paralelamente à 2ª Reunião de Cúpula da América do Sul, nos próximos dias 26 e 27, em Guaiaquil, no Equador. Previamente, o assunto foi discutido por Amaral com os ministros do Comércio e das Relações Exteriores dos outros três sócios do Mercosul. A mesma estratégia deverá ser estendida a possíveis negociações sobre o livre comércio do Mercosul com a Índia, com a China e mesmo com o México. Em todos esses casos, o financiamento do BNDES deverá ser um dos principais motores das conversas. Segundo Amaral, o Mercosul estaria disposto a negociar com cada sócio da Comunidade Andina de Países em separado, caso haja inconvenientes para uma negociação bloco-a-bloco em um primeiro momento. Tamanha pressa está relacionada à estratégia do País de promover sua inserção internacional por meio de investimentos com potencial de ampliar o comércio. Conforme lembrou o ministro, o Brasil mantém um comércio estagnado com os vizinhos andino, com exportações anuais em torno de US$ 2,5 bilhões. Nesse sentido, o governo está disposto a transformar o BNDES em uma instituição dedicada ao desenvolvimento econômico regional - e não só nacional. A recente iniciativa de permitir que o banco financie projetos de empresas brasileiras no exterior garante esse novo perfil à instituição. Segundo Amaral, o BNDES poderá financiar os investimentos brasileiros nos países vizinhos, a criação de joint-ventures e o próprio comércio. A atuação deverá ser conjunta com a Cooperativa Andina de Fomento (CAF) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O BNDES já estuda essa aliança estratégica. União Européia Amaral participará da reunião de ministros da área comercial do Mercosul e da União Européia. Ele está pessimista em relação ao avanço das negociações comerciais. O bloco sul-americano chegou a diminuir suas ambições de tratar sobre o livre comércio e propôs a conclusão de um acordo para a redução de tarifas para conjuntos mais restritos de produtos. A União Européia ainda não deu resposta, mas insiste em um formato para as conversas com o Mercosul que posterga a discussão sobre acesso a mercados. "Essa proposta não permite que consigamos obter acesso para os nossos produtos ao mercado europeu", afirmou Amaral. Segundo o ministro, as perspectivas são igualmente pessimistas com relação à nova rodada da OMC e à Alca, em um momento em que o Brasil investe em uma "política ativa" de abertura de mercados. Para ele, as conversas sobre a Alca estão "marcadas" pelos sinais de aumento de protecionismo disparados pelos Estados Unidos - as salvaguardas às importações de aço, a aprovação da política de subsídios agrícolas para os próximos dez anos e a proposta de mandato para os negociadores americanos discutirem o comércio.

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