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Brasil apresenta proposta para limitar importações da China

Não havendo acordo, o País pode abrir um processo de salvaguarda para calcular os danos causados pela compra dos produtos chineses

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo brasileiro apresentou na última quarta-feira a uma missão do governo da China proposta para que sejam limitadas as exportações deste país para o Brasil, nos produtos: escovas de cabelo, óculos de sol, armações de óculos com ou sem lentes e pedivelas (parte do pedal de bicicleta). O prazo para as negociações se encerra na próxima sexta-feira. Não havendo acordo, o Brasil pode abrir um processo de salvaguarda (mecanismo de defesa comercial) para calcular os danos causados pelas importações desses produtos à indústria nacional. Com isso, o governo poderá impor cotas para a entrada dos produtos chineses no Brasil. Na última quarta, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior intermediou uma reunião entre os chineses e representantes brasileiros dos setores envolvidos. Mas os empresários brasileiros que participaram da reunião saíram desanimados com a possibilidade de um acordo, em função da resistência colocada pelo governo chinês, que contesta os dados oficiais brasileiros sobre as importações dos produtos. "Sinto que vai caminhar para a aplicação de salvaguardas", disse após a reunião o presidente do Sindicato de Móveis, Vassouras, Escovas e Pincéis (Simvep), Manolo Miguez. Abertura e prazos As negociações foram abertas há mais de um mês, após os empresários terem formalizado no ministério os pedidos de aplicação de salvaguardas. Pelo decreto que regulamentou a aplicação desse mecanismo, o Brasil precisa abrir um processo de consulta para negociação, em forma de evitar o surto de importações de alguns produtos. Não havendo acordo em 30 dias, o governo brasileiro pode abrir um processo formal de investigação para determinar a aplicação de salvaguardas. Os 30 dias teriam terminado na semana passada, mas o prazo foi prorrogado até sexta em função de feriados ocorridos na China. Os empresários não escondem a preferência por um acordo bilateral, considerado mais rápido que um processo de salvaguardas - que pode levar de seis a oito meses para ser concluído. "Dependendo da disposição do governo chinês em negociar podemos ampliar em mais uma semana ou 15 dias as negociações", disse o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria Ótica do Estado de São Paulo (Siniop), Rinaldo Dini. "O acordo é preferível porque há um surto de importações e quanto mais rápido estancarmos melhor", completou. No entanto, os setores não vêem muitos avanços nas negociações. "Os chineses argumentam que não há dano comprovado e dizem que o problema da indústria brasileira é de custo Brasil e não é problema deles", contou Miguez. O ministério informou que havendo a concordância de ambos os lados, o governo brasileiro pode prorrogar o prazo das negociações. Caso contrário, o processo de salvaguardas será aberto. No caso de pedivelas para bicicletas, o aumento das importações chinesas do produto de 2004 para o ano passado foi de 183%, passando de 549 toneladas para 1.555 mil toneladas.

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