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Brasil ataca política comercial de Bruxelas

Por Agencia Estado
Atualização:

Enquanto o Mercosul e a União Européia (UE) tentam estabelecer nesta semana no Rio de Janeiro uma base para um acordo entre os dois blocos, o Brasil ataca, em Genebra, a política comercial de Bruxelas. Hoje, os delegados brasileiros enviaram à Organização Mundial do Comércio (OMC) uma lista de 70 queixas contra as práticas comerciais da UE. A partir de quarta-feira, a entidade realiza uma revisão das políticas européias, como ocorre a cada dois anos pelas regras da OMC. Diante da oportunidade de avaliar o comportamento e as leis da UE em relação ao comércio internacional, o Brasil aproveitará para deixar claro que não está de acordo com várias regras existentes na Europa e que prejudicam as exportações brasileiras. Um dos temas que será questionado pelo Itamaraty é a existência dos subsídios à agricultura. Os europeus garantem que estão caminhando em direção a uma reforma da ajuda estatal ao setor, mas os países exportadores de produtos agrícolas argumentam que a iniciativa da UE ainda não é suficiente para acabar com as distorções no mercado agrícola mundial. Uma das preocupações do Brasil se refere aos subsídios às exportações dados por Bruxelas a seus produtores. Segundo a avaliação do Itamaraty, esse tipo de subsídio não apenas desloca o comércio brasileiro, mas também afeta de forma negativa os preços internacionais dos produtos agrícolas. Outro assunto que fará parte das queixas brasileiras é a tarifa imposta pela UE à importação de têxteis. O Itamaraty e o setor produtivo nacional argumentam que os europeus ainda possuem taxas que impedem o aumento das exportações brasileiras ao mercado da UE. O ataque brasileiro não se limita, porém, a esses setores. O Itamaraty promete bombardear os europeus com queixas referentes à liberalização do setor de serviços e em temas relacionados às salvaguardas impostas por Bruxelas em alguns setores exportadores, como o do aço. A UE terá até sexta-feira para dar uma resposta às queixas do Brasil. Apesar de não gerar qualquer tipo de obrigação legal, a revisão da política comercial na OMC é uma oportunidade para os governos demonstrarem publicamente que não estão satisfeitos com o comportamento de um determinado país.

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