Publicidade

Brasil atuou rapidamente para proteger bancos--Mantega

Por WALTER BRANDIMARTE
Atualização:

O Banco Central atuou rapidamente para prover liquidez aos pequenos e médios bancos que estão sofrendo com a crise global de crédito, evitando maiores problemas no setor, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta segunda-feira. Falando em coletiva em Washington, o ministro afirmou que os pequenos bancos no Brasil possuem boas carteiras e não estão com problemas de solvência. "Se você pisar no tubo de oxigênio e diminuir a liquidez é claro que você pode levar a um problema se você não agir rapidamente", afirmou ele a repórteres em um evento organizado pela Brazilian-American Chamber of Commerce. O Banco Central reduziu fortemente os depósitos compulsórios nas últimas semanas, com um potencial de injeção de recursos no valor de 160 bilhões de reais no sistema bancário. Formuladores de políticas também facilitaram a compra de carteiras de pequenas instituições com dificuldades por grandes bancos. Há uma semana, o governo divulgou um decreto permitindo que o próprio Banco Central compre tais carteiras se necessário. "As carteiras eram muito sólidas, nós examinamos as carteiras, eram carteiras de crédito consignado, de automóvel, e não havia problema de solvência, era problema de liquidez", afirmou Mantega. SEM RISCO SISTÊMICO O ministro afirmou ainda que o governo não vê risco sistêmico vindo de companhias expostas aos contratos derivativos de câmbios no Brasil. Durante as últimas semanas algumas companhias como a produtora de celulose Aracruz, a processadora de carne JBS e o conglomerado industrial Grupo Votorantim afirmaram que registraram bilhões de dólares de perdas como resultado das posições cambiais que se tornaram uma péssima aposta quando o real se depreciou fortemente neste mês. "São casos conhecidos que não chegam a representar problema sistêmico. Todos os contratos de derivativos no Brasil são registrados, então há conhecimento e acompanhamento", afirmou Mantega. O dólar fechou no seu maior nível em mais de dois anos na sexta-feira, saltando mais de 30 por cento desde o fechamento de agosto. A moeda norte-americana despencou 7,74 por cento nesta segunda-feira com esperanças de que as ações coordenadas entre o Federal Reserve e os governos europeus irão estabilizar os mercados financeiros. Mas Mantega afirmou que o real não deve voltar a suas máximas, com os efeitos da crise financeira se mantendo na economia nos próximos anos. Uma moeda mais fraca irá provavelmente trazer algumas pressões inflacionárias, mas a isto é normalmente compensado pela queda dos preços de commodities, afirmou o ministro. MENOR CRESCIMENTO, RESPONSABILIDADE FISCAL Mantega, que também preside o grupo G20 dos países industrializados e emergentes, expressou confiança de que os pacotes de resgate bancário anunciado pelas nações mais ricas do mundo durante o final de semana irão estabilizar os mercados. Mas ele afirmou que o governo está esperando por um período de menor expansão econômica que irá provavelmente desacelerar o crescimento das receitas. O Brasil manterá a meta de superávit fiscal inalterada em 2009, cortando os atuais gastos se necessário, mas mantendo os projetos chave de investimentos, afirmou Mantega. Ele ainda confirmou o objetivo de eliminar o déficit fiscal até 2010.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.