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Brasil bate recorde de investimentos no exterior, diz Unctad

País investiu US$ 28 bi no exterior, mais do que recebeu em 2006, diz órgão da ONU.

Por BBC Brasil
Atualização:

Os investimentos diretos do Brasil no exterior alcançaram o recorde de US$ 28 bilhões em 2006 e superaram pela primeira vez o fluxo na via contrária, segundo um relatório da Unctad, o braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para o desenvolvimento econômico. Na mão oposta, o volume de investimentos recebidos pelo país no ano passado foi de US$ 19 bilhões, o mesmo do México, de acordo com o relatório. Os números, divulgados nesta terça-feira, refletem a chamada "internacionalização" das empresas brasileiras, sobretudo por meio da compra de concorrentes em países desenvolvidos. A importância destas operações no total de investimentos brasileiros pulou de 13% do total em 2001 para 35% em 2005. Um exemplo foi a compra da mineradora Inco pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) - uma operação que chegou a US$ 17 bilhões e configurou a maior já realizada por uma companhia de país emergente em um país desenvolvido. "As companhias brasileiras começaram a investir no exterior após anos de exportações recordes. Em alguns casos, fornecedores brasileiros procuraram ficar mais perto de seus clientes, como na indústria automotiva: a Sabó agora tem fábricas na Europa, e a Marcopolo está produzindo na China", diz o relatório. "A valorização da moeda, o real, favoreceu estas operações. O crescimento doméstico lento foi outro fator a motivar as decisões de alguns grupos de se expandir para o exterior." O Brasil respondeu pelo maior volume de investimentos externos diretos (IED) realizados por um país latino-americano no ano passado. O relatório desenhou um quadro dinâmico para o Brasil no que diz respeito aos investimentos externos diretos. Mesmo distante da "época de ouro" do fim dos anos 1990, quando flutuava próximo dos US$ 30 bilhões, a entrada de investimentos no país - US$ 19 bilhões - foi a maior desde 2001, e cerca de 25% além dos US$ 15 bilhões recebidos em 2005. Já os recursos que saíram em 2006 - US$ 28 bilhões - superaram 11 vezes o volume do ano anterior, e triplicaram o então recorde de US$ 9,8 bilhões registrado em 2004, ano da venda da cervejaria Ambev para a belga Interbrew. "O investimento externo por firmas brasileiras é de certa forma parte de um processo de expansão e consolidação que também ocorre em casa. Companhias brasileiras estão procurando consolidar suas indústrias, como mineração e aço, comprando competidores estrangeiros para não perder mercado ou se tornarem alvo de compra elas mesmas", diz o relatório. Segundo a Unctad, em 2006, os investimentos no mundo subiram 38% em relação a 2005, atingindo US$ 1,3 trilhão - recuperando-se da escassez que chegou ao seu ponto baixo em 2003 (naquele ano, os IED somaram US$ 560 bilhões). Em 2006, os países desenvolvidos receberam US$ 857 bilhões em IED. Os países desenvolvidos, US$ 380 bilhões. E os países em transição (comunistas e da ex-União Soviética), US$ 69 bilhões. A expectativa da Unctad é de que, no próximo ano, os IED alcancem o seu recorde de US$ 1,4 trilhão registrado em 2004. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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