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Brasil busca espaço no berço da cultura digital

País organiza primeira comitiva de empresas de tecnologia para ganhar relevância dentro do festival SXSW, nos Estados Unidos

Por Cláudia Trevisan
Atualização:

AUSTIN,  TEXAS - Grande parte das mentes criativas do mundo se encontram desde sexta-feira na cidade texana de Austin, no South by Southwest, um megafestival de interatividade, música e cinema que pela primeira vez tem participação oficial do Brasil e de empresas nacionais em busca de investimentos, negócios e internacionalização.Setenta e duas mil pessoas se registraram para as três vertentes do evento, que mobiliza Austin durante dez dias. Conhecido pela sigla SXSW, o festival une pensadores, criadores, empreendedores e investidores e é um dos principais lugares onde startups tentam sair do papel ou alçar voos mais longos.A participação nacional no SXSW é organizada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), que selecionou 26 empresas para o evento - 14 startups e 12 "adultas". A expectativa do grupo é captar US$ 34 milhões em investimentos e fechar negócios no valor de US$ 3 milhões.Acima de tudo, os empreendedores querem ampliar suas conexões em um universo no qual representantes de grandes empresas globais e de fundos de investimentos circulam. São lendárias as histórias de negócios que nascem de encontros casuais no festival ou o utilizam para catapultar suas ideias, como foi o caso em 2007 do hoje gigante Twitter.Além de dar um caráter institucional à participação das empresas, a Apex investiu na presença física em Austin com a Casa Brasil, espaço que durante quatro dias abrigará eventos sobre a atuação brasileira nos três pilares do festival: interatividade, cinema e música. O mundo digital será representado por alguns dos principais casos de sucesso do Brasil, como Buscapé, Netshoes e SambaAds. Trailers de 28 produções para o cinema e a TV serão mostrados de maneira ininterrupta e haverá apresentação de seis bandas e dois DJs do País - a maioria deles tocam rock e rap, uma fuga do estereótipo brasileiro propagado no mundo. É o caso do rapper Emicida, que lança na quarta-feira a música "Obrigado, Darcy (o Brasil que vai além)", inspirada na marca de negócios da Apex "Brasil Beyond", que busca negar o clichê "tropical". Economia criativa. Apesar de o SXSW ser um dos maiores eventos do mundo de economia criativa, ele ainda é pouco conhecido no Brasil. A popularidade do festival nas redes sociais em português está sendo medida na Casa Brasil por Alexandre Abu-Jamra, da Sentimonitor, uma das start up que buscam negócios no evento. Dos 421 mil posts sobre o SXSW publicados desde o início do mês, apenas 0,66% foram em português. Ainda assim, a presença nacional no festival é crescente. Trezentos e sessenta brasileiros se inscreveram para a edição 2014, aumento de 70% em relação ao ano passado. A representação brasileira no evento é a sexta maior entre os estrangeiros, depois de Inglaterra, Canadá, Austrália, Holanda e Alemanha.Organização. Segundo Ricardo Santana, diretor de negócios da Apex, a entidade investiu US$ 1 milhão na participação do Brasil na SXSW, destinados à criação da casa, a um estande na feira de negócios, ao material promocional e à orientação das startups para encontros com investidores. "A participação do Brasil era muito fragmentada e o setor privado demandou que a Apex tivesse um papel aglutinador", disse.A presença no SXSW também expõe as startups e empresas de tecnologia brasileiras à cultura de inovação que permitiu a explosão desse setor nos Estados Unidos, marcada pela colaboração, a aceitação do fracasso e o empreendedorismo. "O Brasil ainda está longe de ter esse ambiente", avaliou André Monteiro, CEO da Brasil Innovators, empresa contratada pela Apex para preparar as startups para as reuniões com investidores. Mas Bedy Yang, que dirige o escritório da Innovators em São Francisco, disse que muita coisa mudou nos últimos anos, e o sinal mais evidente é a presença das empresas no SXSW.O ambiente de negócios que favorece o desenvolvimento de startups surgiu no Vale do Silício, na Califórnia, e foi replicado em outras regiões dos Estados Unidos. Sérgio Pessoa, gerente do escritório da Apex em São Francisco, classifica esse ecossistema como uma união de colaboração e competição. Alguns brasileiros também foram convidados para participar como conferencistas de painéis do SXSW. Entre eles, o diretor e produtor Felipe Braga, que falará amanhã de sua experiência com o filme Latitudes, que foi lançado simultaneamente na TV, no cinema e na internet. Os publicitários Lia Bertoni e Pedro Cruz discutiram no sábado a criação de marcas "autênticas", que assumem imperfeições, e Cláudio Vargas, da Sony Music Brasil, falará sobre a geografia mundial da música quinta-feira.

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