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Brasil cai 18 posições em ranking de competitividade e é o 75º entre 140 países

Foi o pior desempenho entre as 140 nações; com a 75ª posição, Brasil agora é apenas a sétima maior economia da América Latina

Por Renée Pereira e Jamil Chade
Atualização:

Atualizada às 21h02

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O Brasil teve o pior desempenho entre as 140 nações incluídas no ranking mundial de competitividade de 2015. Ao perder 18 posições num único ano, o País despencou para a 75ª colocação, sendo superado pelos concorrentes México, Índia e Vietnã e pelos vizinhos Peru, Uruguai e Colômbia. Para ter ideia do tamanho da queda brasileira, o segundo país que mais recuou no ranking neste ano foi a Bolívia, com 12 posições.

 

Segundo a autora do Relatório Global de Competitividade, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, Margareta Dryeniek-Hanouz, dois fatores pesaram na queda do Brasil: a situação macroeconômica e os escândalos de corrupção. Segundo ela, há um forte risco de que no ano que vem, o Brasil volte a perder espaço, já que o ranking foi feito com base nos dados até maio, antes da atual crise na economia nacional se manifestar com mais força e o País perder o grau de investimento pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s.

 

“A queda de 18 posições é excepcional”, disse Margareta. A posição brasileira é a pior, pelo menos, desde 2006, quando houve mudança na metodologia de elaboração do ranking. De 2012 – quando alcançou a melhor posição – pra cá, o País perdeu 27 posições.

 

Corrupção no País, evidenciada pela Lava Jato, é um dos fatores para a queda no ranking Foto: Reuters

Na opinião do professor da Fundação Dom Cabral, Carlos Arruda, responsável pela coleta e análise dos dados brasileiros, o péssimo desempenho do País neste ano é resultado de uma combinação de fatores. Além da atual conjuntura negativa, fatores estruturais e sistêmicos, como a necessidade de reformas urgentes, derrubaram o País no ranking mundial.

 

Para calcular a posição do País, o professor explica que considera os indicadores econômicos e uma série de entrevistas com executivos de vários setores e de diferentes partes do Brasil. O ranking é formado com base numa série de pilares, como ambiente econômico, infraestrutura, educação, saúde, tecnologia e inovação, que recebem notas específicas.

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Efeito Lava Jato. Arruda conta que a Operação Lava Jato, envolvendo poder público, partidos políticos e iniciativa privada, teve forte reflexo no ranking e evidenciou a necessidade de melhorar os níveis de governança e transparência das empresas. “Percebemos uma autocrítica entre os empresários, uma visão de que o comportamento ético precisa melhorar.” Exemplo disso, é que no pilar Instituições, que compõe o ranking, o Brasil caiu 27 posições, para 121ª colocação.

 

O desempenho é resultado da piora de indicadores como Desvio de Recursos Públicos que ficou na penúltima colocação entre os 140 países – apenas a Venezuela teve pior classificação. Outras variáveis como Confiança Pública em Políticos ocupou a 138ª posição e o comportamento ético das empresas, em 133ª. O governo também está entre os menos transparentes no mundo (129ª colocação).

 

Macroeconomia. Apesar disso, os pilares que mais recuaram no ranking foram Educação Superior e Treinamento e Ambiente Macroeconômico, com recuo de 52 e 32 posições, respectivamente. No quesito macroeconomia, que ficou em 117ª posição, são avaliados o grau de endividamento do País, os níveis de inflação, déficit público, crescimento econômico e a classificação de risco. O Brasil teve piora em todos esses indicadores.

 

Diante dessa nova situação, o País perdeu espaço para outras economias emergentes, dentro e fora da região. Na América Latina, o Brasil virou a sétima economia mais competitiva, superado por Chile, Costa Rica, México, Colômbia, Peru e Uruguai. Entre os Brics, o desempenho do Brasil também é o pior. A China está estabilizada na 28ª posição, enquanto a Índia subiu 16 lugares e ocupa o 55º posto. Rússia, sob embargo, está entre as 45 economias mais competitivas. No caso da África do Sul, o país aparece em número 49.

 

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Para Margareta Dryeniek-Hanouz , o freio na competitividade pode significar problemas para o crescimento da classe média no futuro próximo. Arruda completa que na prática o resultado desse ranking é a baixa produtividade do País e as incertezas que podem representar para possíveis investidores.

 

Na opinião do empresário Saulo Bueno, do Grupo Amazonas, o País está perdendo cada vez mais espaço no mercado internacional. “Hoje a participação do Brasil no comércio exterior é de 0,8%. Muito baixo.” Segundo ele, nos últimos anos, o produto nacional perdeu competitividade não só por causa do longo período de dólar baixo, mas também pela elevada carga tributária e os problemas de qualificação da mão de obra. 

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