A internacionalização de empresas de países emergentes praticamente dobrou entre 1985 e 2003, mas o Brasil não acompanha o ritmo de crescimento puxado sobretudo pela Ásia. Segundo dados da Comissão da ONU para Comércio e Desenvolvimento (Unctad), no período 1983-1989, o Brasil enviou ao exterior o equivalente a US$ 200 milhões na forma de Investimento Estrangeiro Direto (IED). No período entre 1993 e 1995, enquanto os dez principais investidores estrangeiros emergentes enviaram ao exterior cifras acima de US$ 1 bilhão (no período, o IED na China foi de US$ 21,4 bilhões), o Brasil caía para a 11ª posição entre os quinze mercados emergentes com maior investimento direto, com o equivalente a US$ 800 milhões. A situação do País piorou ainda mais no período entre 2002 e 2003, quando o País foi rebaixado à 24ª posição, investindo na internacionalização apenas US$ 200 milhões no período. Ainda assim, o Brasil é o quinto principal investidor estrangeiro em estoque, com US$ 66 bilhões até o fim de 2004. Em 1994, os estoques de investimentos estrangeiros diretos do Brasil eram US$ 43,4 bilhões, colocando o País na 2ª posição entre os principais investidores emergentes. Dez anos antes, o Brasil era o primeiro investidor direto estrangeiro entre os emergentes, com um estoque de US$ 39,4 bilhões. De acordo com o ex-secretário geral da Unctad, embaixador Rubens Ricupero, o que explica o menor ritmo de internacionalização das empresas brasileiras é a baixa poupança interna. Outro fator é o preconceito dos empresários brasileiros em relação à internacionalização. Ele lembrou ainda que nos últimos anos, a internacionalização de empresas brasileiras se deu como forma de driblar as barreiras internacionais ao comércio, como foi o caso das siderúrgicas e das empresas de suco de laranja. "Não há uma concentração da internacionalização em um ou outro setor. Aqui, as empresas vão para fora de acordo com situações específicas", disse Ricupero.