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Brasil contesta dados utilizados na Rodada de Doha

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Por Redação
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O Brasil e o Uruguai contestaram na segunda-feira dados apresentados por importadores de alimentos para servirem de base para a proteção de produtos ditos "sensíveis" contra cortes tarifários na Rodada de Doha, o que segundo os exportadores pode resultar em aberturas tímidas demais nos mercados agrícolas. De acordo com participantes da negociação agrícola, Brasil e Uruguai estão especialmente preocupados com possíveis restrições às exportações de arroz e açúcar. As discussões sobre esses dados, que provocam cisões entre países ricos e pobres, ameaça adiar ainda mais uma reunião de ministros da qual poderia sair um acordo preliminar para a conclusão da Rodada de Doha, criada em 2001 para levar à abertura do comércio global. O embaixador neozelandês junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), Crawford Falconer, que preside as negociações agrícolas, disse que a reação inicial dos exportadores foi previsível. "Eles disseram: 'Obrigado por seus dados, mas temos alguns problemas com eles e não vai funcionar para nós, porque não é ambicioso o suficiente e deixa os números baixos demais"', afirmou Falconer a jornalistas após uma reunião dos 151 integrantes da OMC. Pelas atuais propostas, os importadores de alimentos poderiam "blindar" alguns produtos politicamente sensíveis, evitando expô-los à plenitude dos cortes tarifários --os países poderiam, por exemplo, impor cotas para a entrada de determinados produtos a preços mais baixos. O tamanho de tais cotas dependeria de dados do consumo interno. Esta isenção valeria para todos os países, mas na prática só interessa aos mais desenvolvidos, especialmente os grandes importadores de alimentos, como União Européia, Japão e Estados Unidos. Os importadores levaram meses para apresentar os dados sobre o tamanho das cotas, e agora alguns exportadores, como a Austrália, ainda não sabem como reagir às cifras. Falconer disse que os envolvidos continuarão negociando e que na sexta-feira haverá uma nova reunião da OMC para decidir como levar a discussão agrícola adiante. Por enquanto há duas negociações paralelas --uma agrícola, outra industrial-- que devem servir de base para que os ministros façam barganhas entre ambos os setores. A União Européia quer que essa reunião ministerial aconteça até o final de abril, para que a Rodada de Doha possa ser concluída neste ano. Mas Falconer disse que está se esgotando o prazo para que os ministros comecem a se envolver. "Seria preciso ser um apostador muito corajoso para dizer que isso já está na mão", afirmou. (Reportagem de Jonathan Lynn)

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