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Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|Brasil desperdiça oportunidade de aproveitar a trégua dada pelo Federal Reserve aos mercados globais

Após anúncio do 'tapering', investidores olharam para Bolsas de países desenvolvidos como ativos de riscos com melhores perspectivas de ganhos; enquanto isso, Ibovespa tem desempenho negativo em meio à piora na percepção do risco fiscal

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Atualização:

O tão temido início da redução de estímulos monetários nos Estados Unidos, adotados desde o começo da pandemia de covid pelo Federal Reserve (Fed), acabou dando um novo impulso às bolsas de valores americanas e de outros países desenvolvidos, em vez de ser gatilho de uma fuga generalizada pelos investidores globais para a segurança do dólar e de outros ativos considerados um porto seguro em tempos turbulentos.

Com a recuperação da economia americana, as pressões sobre a inflação dos EUA estão cada vez maiores, forçando o Fed a diminuir os estímulos e anunciar na sua reunião de política monetária, na semana passada, o chamado “tapering”, ou a redução no volume de compras de títulos do Tesouro e de papéis lastreados em hipotecas imobiliárias, no valor de US$ 15 bilhões por mês.

Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos Foto: Jonathan Ernst/ Reuters

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O nervosismo acerca do anúncio era acontecer uma repetição do episódio conhecido como “taper tantrum”, quando o Fed abalou os mercados globais em 2013 ao sinalizar abruptamente que iria encerrar as compras de ativos para reduzir a liquidez na economia americana na época. Mas, ao anunciar, na semana passada, o início do tapering, o Fed adotou um tom bem mais suave em relação a esse processo, deixando claro que será paciente em relação ao próximo passo da política monetária esperado pelos investidores, o da alta de juros.

O temor é de que, ao contrário da redução na compra de ativos, uma primeira alta de juros afugentará os investidores de bolsas, de moedas de países emergentes e de outros ativos de risco com uma redução forte na liquidez internacional.

Desta vez, o risco de um taper tantrum à la 2013 é baixo. Lá atrás, a comunicação do Fed foi confusa. Agora, o Fed tem sido cuidadoso em telegrafar sua decisão e não alimentar apostas mais agressivas para a primeira alta de juros, atualmente para junho de 2022. Com isso, os investidores olharam para as bolsas de países desenvolvidos como os ativos de riscos com melhores perspectivas de ganhos.

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Nos EUA, o índice S&P 500 avançou 1,5% nos primeiros quatro pregões que se seguiram à decisão do Fed. O Nasdaq subiu 2,1%. Na bolsa de Paris, o índice CAC 40 ganhou 1,7% no período. Já o Ibovespa perdeu 0,3% em meio à piora na percepção do risco fiscal.

Ou seja, o Brasil está desperdiçando a oportunidade de aproveitar a trégua dada pelo Fed aos mercados globais. Mas, se – pressionado pela inflação – o Fed acelerar o ritmo de redução de compras de ativos nas próximas reuniões, antecipando, por tabela, a alta de juros, o chilique pode ser grande. 

* COLUNISTA DO BROADCAST

Opinião por Fábio Alves

Colunista do Broadcast

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