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Brasil deve recuperar terreno perdido no mercado de açúcar-Unica

Por INAÊ RIVERAS
Atualização:

As usinas do centro-sul do Brasil deverão aumentar as suas exportações de açúcar nesta safra e recuperar o terreno perdido nos últimos tempos para concorrentes como a Índia, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) O diretor técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues, afirmou nesta quinta-feira que os contratos futuros a partir de outubro de 2008 já mostram um "cenário mais positivo", com a expectativa de que a Índia reduza a sua produção para 22 milhões de toneladas na próxima safra, ante 27 milhões de toneladas na atual temporada. "Isso vai tirar a Índia de alguns mercados", destacou Pádua Rodrigues. "Haverá espaço para recuperarmos os mercados perdidos." Na temporada passada, o Brasil teve de se esforçar para enfrentar a dura competição de países como a Índia, que elevou bastante a sua produção no embalo dos preços altos em 2006. A Índia está nesta semana embarcando açúcar bruto para a Arábia Saudita pela primeira vez, superando o Brasil, tradicional fornecedor para o Oriente Médio. Mais vendas de açúcar indiano para a Arábia Saudida devem ocorrer, uma vez que o açúcar do país asiático já está invadindo Dubai. Apesar do aumento de 2 por cento na produção na safra passada (2007/08), para 26,2 milhões de toneladas, as exportações do centro-sul do Brasil caíram 3 por cento, para 16,4 milhões de toneladas. "Não é apenas uma questão de preço, mas também de ter um mercado físico para o açúcar, e nós agora acreditamos que isso pode acontecer neste ano." Os altos custos de frete prejudicaram as exportações do Brasil para alguns destinos, já que o país está mais distante de seus principais clientes do que a Índia. Pádua afirmou que a recente alta nos preços do açúcar, que alcançaram 14 centavos de dólar por libra-peso no início de março, na bolsa de Nova York (ICE Futures), deu base para o otimismo. Excepcionalmente, o centro-sul do Brasil ainda tem cerca de 1 milhão de toneladas de açúcar da safra passada para ser exportada. O centro-sul deve exportar 18,9 milhões de toneladas de açúcar em 08/09, alta de 15 por cento na comparação com a temporada passada, enquanto as exportações de álcool devem crescer 27 por cento, para 3,9 bilhões de litros. CENÁRIO PROMISSOR As exportações de etanol do centro-sul do Brasil também caíram em 07/08, para 3,1 bilhões de litros, na comparação com a temporada anterior, apesar do aumento de 27 por cento na produção. Para 2008/09, a Unica prevê elevar as exportações para os Estados Unidos em 500 milhões a 700 milhões de litros, incluindo vendas diretas e exportações via Caribe. Dentro de um tratado com países do Caribe, o etanol que é reprocessado na região e reexportado para o mercado norte-americano é isento de uma tarifa dos EUA de 54 centavos de dólar por galão. "Vemos uma janela de oportunidade para exportar diretamente para os Estados Unidos em junho e julho, se os preços (2,50 dólares por galão nos EUA) em ambos os países se mantiverem", disse Pádua. A maior parte do aumento esperado --cerca de 70 por cento-- já foi negociado, disse Pádua, sem dar mais detalhes. Ele observou que com os atuais preços no Brasil e nos EUA é mais lucrativo para as usinas venderem no mercado externo do que internamente, mesmo pagando a tarifa de importação. As exportações para o mercado europeu também deverão crescer, segundo o diretor.

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