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Brasil discorda de Canadá sobre reunião da Alca

O governo vai reiterar ao representante dos EUA para o Comércio, Robert Zoellick, que o Brasil não concorda com a reunião dos 34 chefes de Estado da Alca em 2003, proposta pelo Canadá

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, vai reiterar sexta-feira ao representante dos Estados Unidos para o Comércio, Robert Zoellick, que o Brasil não concorda com a realização de uma reunião extraordinária dos 34 chefes de Estado da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) em 2003. Com a negativa a essa proposta, defendida pelo Canadá, o governo brasileiro pretende evitar "qualquer precipitação" nessas negociações. Lafer também vai conversar com Zoellick sobre como será a co-presidência da Alca pelo Brasil e os Estados Unidos na fase decisiva da discussão, a partir de novembro deste ano. Lafer embarcou hoje de Nova York, onde participou de debates e reuniões no âmbito da assembléia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), para Washington, onde também se encontrará com a conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice. No sábado, ele seguirá para uma visita a Cuba. Ainda em Nova York, por telefone, o chanceler explicou que o Brasil demonstra "interesse imediato" nas negociações de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Comunidade Andina de Nações (CAN), que se iniciam em outubro. De acordo com ele, esse interesse não decorre apenas das oportunidades que serão abertas aos exportadores e investidores brasileiros no mercado andino, mas também do fortalecimento da posição do Mercosul na etapa final da Alca. "Esse acordo com o bloco andino reforça a nossa capacidade negociadora na Alca", afirmou Lafer. "Simultaneamente, queremos evitar qualquer precipitação na negociação da Alca. Daí a nossa oposição à realização de uma cimeira no primeiro semestre de 2003, como foi sugerido pelo governo canadense", completou. Incerteza Segundo uma fonte do governo, a resistência do Brasil a uma nova reunião leva em conta a incerteza sobre a política externa que prevalecerá no País a partir de janeiro, quando tomará posse o novo presidente. Mas também considera os riscos de os países vizinhos se sentirem seduzidos por Washington a assumir um compromisso que ultrapasse o limite de concessões considerado legítimo e razoável pelo Mercosul. Por exemplo, a alteração (leia-se antecipação) do atual calendário, que prevê a conclusão das negociações até 2005. Essa é a razão da pressa do Brasil, que preside o bloco sulamericano até o início de dezembro, em fechar os acordos comerciais do Mercosul com a CAN e também com o México ainda neste ano. O governo brasileiro também considera que os compromissos assumidos na Reunião de Cúpula de Quebec, em 2001, são o bastante. Suas dúvidas continuam centradas na disposição dos Estados Unidos de apresentar uma boa oferta de abertura de seu mercado, mesmo mantendo uma forte tendência protecionista. Segundo Lafer, as suas conversas com Zoellick não serão definitivas. Mas terão impacto em negociações que correm sobre como se dará a co-presidência da Alca pelos países que mais demonstram resistências internas a esse processo. Por enquanto, esse tema vem sendo tratado pelo embaixador Clodoaldo Hugueney, subsecretário-geral de Assuntos de Integração Econômicos e de Comércio Exterior do Itamaraty, e do vice-representante americano para o Comércio, Peter Allgeier.

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