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Brasil e Argentina assinam um novo acordo automotivo

Os pontos polêmicos da negociação foram definidos politicamente e beneficiaram a Argentina. O Brasil conseguiu a redução de 40% da tarifa para importações de autopeças

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Luiz Furlan, e a ministra de Economia da Argentina, Felisa Miceli, assinaram nesta segunda-feira o acordo que regularizará o comércio bilateral de automóveis por um período de dois anos. Mais uma vez, a Argentina ganhou a queda de braço com o Brasil em uma negociação comercial e impôs sua vontade. Pelo acordo, os brasileiros terão que comprar mais automóveis argentinos. Como havia adiantado a Agência Estado há 15 dias, os pontos polêmicos da negociação foram definidos politicamente e beneficiaram a Argentina. Até o dia 30 próximo, a equação é a seguinte: por cada US$ 2,6 em automóveis e autopeças que o Brasil importa da Argentina, se deve exportar ao país US$1, e vice-versa. Novo acordo A partir do novo acordo que entrará em vigor no dia 1° de julho, esse número, chamado de "flex", será de US$ 2,1 por US$ 1 até junho de 2007. Depois disso, o flex será de US$ 1,95 por US$ 1. O governo brasileiro não queria que essa equação fosse abaixo de 2,1 mas acabou cedendo. O Brasil cedeu também ao não fixar no acordo a data para o início do livre comércio entre os dois países. Os negociadores brasileiros, em sintonia com os executivos da indústria automobilística, estavam convencidos de que o melhor para o setor era estabelecer uma data para a entrada do livre comércio. Contrário à idéia, o governo de Néstor Kirchner bateu o pé e o acordo que será assinado não mencionará uma data para a liberalização do comércio. Porém, o convênio será transitório, vai até junho de 2008, o que significa que no inicio desse ano, as regras serão rediscutidas, assim como a fixação da data da abertura dos mercados. Vantagens brasileiras O Brasil conseguiu que se mantenha até o final do ano, a redução de 40% da tarifa externa comum para importações (de fora do Mercosul) de autopeças. Para o ministro Furlan, o acordo só foi possível graças ao clima de "distensão" entre ambos países. Em entrevista ao jornal Clarín, Furlan deixou claro que apesar de ter cedido agora, o Brasil vai continuar defendendo um acordo para o livre comércio. "Nós acreditamos que o destino do setor automotivo do Mercosul é o livre comércio. Não é uma proposta que se fará nos próximos dois anos, mas o convênio deixa as portas abertas para que isso possa suceder depois". A ministra argentina comentou que " o acordo favorece os dois países, porque permite equilibrar o intercâmbio comercial". Segundo ela, " para a indústria em seu conjunto, este acordo representa um marco de previsibilidade que permite desenvolver novos investimentos". Felisa ressaltou que " especificamente para a Argentina este acordo possibilitará rearmar a indústria de autopeças, que foi tão golpeada nos anos anteriores".

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