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Brasil e Argentina criam força-tarefa antiprotecionismo

Chanceler argentino, no entanto, afirmou que restrição a produtos brasileiros será mantida.

Por Fabrícia Peixoto
Atualização:

Representantes dos governos do Brasil e da Argentina anunciaram nesta terça-feira a criação de um grupo de trabalho cujo objetivo é encontrar soluções "criativas" para evitar a adoção de medidas protecionistas no comércio entre os dois países. O anúncio foi feito após uma reunião entre os chanceleres da Argentina, Jorge Taiana, e do Brasil, Celso Amorim, que disseram que a criação do grupo de trabalho é uma tentativa de "equilibrar" o comércio bilateral. De acordo com Amorim, a conversa de três horas na sede do Itamaraty, em Brasília, "foi franca, mas não necessariamente concordante desde o início". A Argentina vem adotando ações restritivas à entrada de produtos brasileiros no país. Após a reunião com Amorim, no entanto, o chanceler argentino, Jorge Taiana, afirmou que tais medidas serão mantidas. "As regras continuam vigentes", afirmou. O ministro Celso Amorim afirmou que o Brasil "prefere não retaliar" em relação às decisões do país vizinho. "O Brasil prefere não tomar essas medidas (de retaliação), por acreditar que essas medidas são contraproducentes", disse. O objetivo do governo brasileiro, segundo ele, é encontrar "formas mútuas que evitem medidas unilaterais". Amorim não detalhou as ações a serem tomadas, que envolvem, por exemplo, uma maior participação de pequenas e médias empresas na relação comercial. Segundo ele, as medidas têm características mais técnicas, que estão sendo desenvolvidas pelo Ministério da Fazenda e pelo BNDES. Amorim ainda afirmou que as dificuldades pelas quais vem passando o comércio entre os dois países são causadas pela crise econômica. "Esses mecanismos de integração estão vivendo a hora da verdade. A crise está criando o teste do estresse", disse o ministro brasileiro. A crise econômica global e o comércio com outros países também foram temas da reunião. Segundo Amorim, "já é tempo de o Mercosul ter um mecanismo de defesa comercial comum, dentro das regras da OMC". Questionado sobre uma possível preocupação com a importação de produtos chineses, Amorim preferiu não se referir a nenhum país em especial. No entanto, disse que o Mercosul deve estudar uma resposta conjunta ao protecionismo nos países ricos, inclusive "inserido em pacotes econômicos". A próxima reunião entre representantes dos dois países já tem data marcada: será no dia 4 de março, com local ainda a definir. Essas reuniões, segundo Amorim, também servirão como preparação para o encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Cristina Kirchner, que acontece em São Paulo, no dia 20 de março. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.