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Brasil e Argentina retomam diálogo comercial

Por Agencia Estado
Atualização:

Presidida pelo secretário de Desenvolvimento e Produção Industrial, Reginaldo Arcuri, a missão oficial do governo brasileiro, que chega hoje a Buenos Aires, vai discutir com os novos funcionários da área comercial da administração Eduardo Duhalde o complicado e o até agora travado regime automotivo do Mercosul. A proposta brasileira de criar cadeias produtivas entre os dois países e a utilização do modelo de companhias binacionais para facilitar a instalação de empresas em qualquer um dos países membros do bloco também farão parte da pauta do encontro bilateral, o primeiro desde julho, quando foram interrompidos os diálogos por causa dos atritos criados pelo então ministro de Economia Domingo Cavallo. De acordo com a Embaixada do Brasil em Buenos Aires, os técnicos brasileiros e argentinos não vão negociar absolutamente nada, apenas trocar idéias, já que se tratam de conversações preliminares. As reuniões ocorrerão hoje à tarde e na sexta-feira. Pelo lado argentino, devem fazer sua estréia no diálogo Brasil/Argentina os secretários de Indústria, Eduardo Brown, e de Comércio e Relações Econômicas Internacionais, Martín Redrado. Os dois estarão acompanhados ainda do subsecretário de Integração Econômica e Mercosul, embaixador Jorge Hugo Herrera Vegas, que já ocupou esse cargo durante a administração Carlos Menem e chegou ainda a ser embaixador da Argentina em Brasília. Além de Arcuri, a delegação brasileira contará com o Representante da Presidência para o Mercosul (Repsul), embaixador Simas Magalhães. Em relação ao regime automotivo, os dois países devem retomar o diálogo interrompido também desde julho do ano passado. A Argentina pediu, em conversações recentes, rediscutir todo o regime de modo que se eliminem as condições que obrigam a não superar certas metas de comércio de veículos entre os dois países. Essa limitação havia sido solicitada pelo próprio governo argentino para evitar uma "invasão" de carros brasileiros a seu mercado. Mas as exportações do Brasil para a Argentina despencaram por causa da recessão e a Argentina se viu obrigada também a reduzir suas vendas ao Brasil. Os argentinos, entretanto, não cumpriram o acordo e acabaram violando a regra, o que pode resultar em punições ou multas entre US$ 100 milhões e US$ 300 milhões. O Brasil já deu sinais de estar disposto a perdoar. Na questão de cadeias produtivas, a idéia e substituir importações de outros países de fora do bloco por produtos de origem do Mercosul para, depois, iniciar um programa conjunto de exportações ao mundo, com maior valor agregado. Essa integração já existe na área de móveis, no qual a Argentina vende determinadas madeiras ao Brasil, que, por sua vez, fabrica os móveis e os vende ao mercado externo. Esse sistema funciona na mão dupla. Finalmente, a idéia de empresas binacionais é conseguir as mesmas vantagens (participação em licitações de obras públicas, por exemplo) das nacionais. A delegação brasileira também deve solicitar uma solução rápida para a dívida de quase US$ 2 bilhões de importadores argentinos a exportadores brasileiros. As empresas argentinas do setor de comércio exterior correm o risco de ter de pagar mais caro pelas compras realizadas no exterior, caso o câmbio a ser utilizada seja o flutuante, que se encontra no patamar de 1,65 peso a 1,80 peso por dólar, acima do dólar oficial (1,40 peso). Por isso, existe certa pressa para resolver o problema. De acordo com dados da Câmara de Importadores da República Argentina (Cira), as divisas necessárias para cancelar as importações em aberto desde dezembro do ano passado somam US$ 4,5 bilhões. Esse volume de recursos assusta o Banco Central argentino, já que ocorre em um momento em que os créditos externos se encontram totalmente fechados para o país. Leia o especial

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