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''Brasil é chance para futuro CEO aparecer''

Temporada no País é hoje passo fundamental para ''mostrar serviço'' na matriz e galgar posições[br]em companhias globais

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Por Fernando Scheller
Atualização:

ENTREVISTADebra Nunes, executiva global de liderança do Hay GroupO Brasil se tornou uma "parada obrigatória" para os executivos de grandes multinacionais com a ambição de ocupar um cargo de direção global. Segundo Debra Nunes, executiva global de liderança do Hay Group, uma das maiores empresas de recrutamento de executivos do mundo, uma experiência no País é hoje um "passo fundamental" em direção à posição de CEO dessas empresas porque oferece a rara oportunidade para o profissional "mostrar serviço"."Na Europa e nos Estados Unidos, muitas vezes as ordens da chefia se resumem a cortar custos", diz a especialista. "No Brasil, com a economia em crescimento, há mais chance de o executivo trazer bons números para a matriz e ser reconhecido pela companhia." A passagem pelo Brasil pode ser uma forma de dar a um profissional uma formação mais ampla - o que, segundo Debra, é essencial para um CEO. "O trabalho do executivo-chefe vai muito além de entregar cifras. É preciso saber lidar com fatores externos, como pressões políticas e a inevitável relação com o governo." A seguir, os principais trechos da entrevista:A sra. defende que a seleção de executivos seja transformada em sucessão e leve três anos...Defendemos que o presidente de uma empresa consiga levar o negócio adiante, como levá-lo para o exterior ou diversificar produtos. Eu diria que a principal tarefa do Conselho de Administração é escolher o CEO certo. Em 2007, 50% dos executivos de grandes companhias estavam em idade de aposentadoria. Além disso, a permanência no cargo está menor, tendo caído de uma média de 8,1 anos para 6,3 anos ao longo da última década. As regras do jogo estão mudando, e as empresas precisam se preparar para lidar com essa nova realidade.Por que as empresas ainda selecionam executivos, em vez de preparar sua sucessão?Por diversos motivos. Primeiro, as empresas vêm cortando custos - há um menor número de cargos disponíveis abaixo do presidente para preparar um futuros executivo-chefe. Caso não prepare profissionais internamente, as empresas podem ficar sem opção. Fui chamada para selecionar um CEO e a empresa apontou três candidatos internos. No fim, apenas um tinha as habilidades para o trabalho. Mas o Conselho optou por alguém de fora, porque a companhia precisava de alguém com experiência global. Resultado: três meses depois, o candidato preterido, bastante competente, deixou a empresa. Se tivessem decidido isso antes, poderiam ter enviado esse profissional a um mercado emergente e resolvido a questão.A seleção precisa ser menos emocional?Sim, alguém de fora vê a situação de forma mais objetiva. Um grande erro é dar preferência para o diretor financeiro na hora da sucessão. É preciso pensar que o CEO tem uma atuação bem maior. O trabalho do executivo-chefe vai muito além de entregar os números. É preciso saber lidar com fatores externos, como pressões políticas e a inevitável relação com o governo. São funções que alguém que só pensa em números não está preparado para exercer. O diretor financeiro, muitas vezes, tem a preferência do Conselho porque participa das reuniões, faz social, vai jantar com os conselheiros. E isso limita a visão do Conselho, porque seus membros não levam em conta a empresa, mas sim a simpatia relativa a determinada pessoa. Os maiores salários para executivos são pagos hoje no Brasil. O País está mais atraente em nível global?Sim. O Brasil é um tópico positivo em todas as empresas que conheço, por conta da expansão da economia. É muito mais fácil para o executivo mostrar serviço se há espaço para crescimento. Se eu sou um executivo e estou interessado em subir de cargo, não quero ficar em um ambiente como o dos Estados Unidos e da Europa atualmente, onde só se fala em cortar custos. Quero mostrar números: se venho para o Brasil e sou competente, isso ficará visível nas cifras. O trabalho aparece mais. Por isso, é um mercado atraente neste momento.O Brasil é "parada obrigatória" para futuros CEOs globais?Sim. É um mercado que pode ajudar o executivo a galgar posições. Quem entregar bons resultados no Brasil certamente será reconhecido pela companhia.QUEM ÉDebra Nunes, executiva de liderança do Hay GroupIniciou a carreira trabalhando com saúde mental em uma instituição comunitária do estado de Massachusetts. Posteriormente, fundou a consultoria Research Associates. Está no Hay Group há 25 anos.

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