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Brasil e China derrubam projeções para comércio mundial

Exportações tiveram contração no primeiro semestre diante de freio em emergentes

Por Jamil Chade
Atualização:

GENEBRA – A queda na demanda na China e no Brasil obrigam a Organização Mundial do Comércio (OMC) a rever para baixo o crescimento das exportações no mundo em 2015. Dados divulgados hoje pela entidade em Genebra indicam que o comércio mundial terá uma expansão de apenas 2,8%, e não mais de 3,3%, como era projetado. Nos dois primeiros trimestres do ano, o comércio mundial sofreu uma contração.

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Esse é o quarto ano consecutivo com um crescimento das vendas de menos de 3%. Segundo a OMC, há um enorme contraste com a realidade entre os anos 90 e 2000, quando o comércio mundial crescia em média 6%. Para 2016, a previsão também foi revista, de 4% para 3,9%.

Em abril, a entidade estimava que o fluxo comercial ganhava força. Mas os resultados no primeiro semestre frustraram os economistas, com uma contração de 0,7% no primeiro e segundo trimestre. .Em comparação aos dados de 2014, porém, o semestre ainda registrou uma expansão, de 2,3%.

Comércio mundial terá uma expansão de apenas 2,8%, e não mais de 3,3%, como era projetado Foto: Marcio Fernandes/Estadão

Um dos aspectos destacados pela OMC é a situação do Brasil, que está levando a América do Sul a registrar o pior desempenho comercial entre todos os continentes. Em 2014, a queda nas vendas foi de 1,3%, contra uma fraca expansão de 0,5% em 2015. A região ainda registrou o pior crescimento do PIB em 2015 e 2016.

De uma forma geral, a América do Sul deve registrar uma queda de importação de 5,6% em 2015, a maior do mundo. Grande parte da responsabilidade, segundo a OMC, é do Brasil. "Essa redução pode ser atribuída em especial ao desenvolvimentos econômicos adversos no Brasil, que foi atingido simultaneamente por uma crise fiscal, um escândalo financeiro envolvendo a maior empresa do País e queda nos preços de exportação". 

De acordo com a entidade, as importações no Brasil caíram em 13% no segundo trimestre, uma das maiores do mundo. 

Para 2016, a projeção é de que as importações sul-americanas poderiam ser retomadas, uma vez que a economia brasileira daria sinais de estabilização e que suas importações começariam a se recuperar. Mas a taxa de crescimento vais er facilitada pela base deprimida registrada em 2015.

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O temor da OMC é de que se a desaceleração entre as economias emergentes piorar, a revisão apresentada hoje para o comércio mundial terá de ser refeita. Se não houver uma recuperação das importações dos emergentes, a entidad poderia tirar mais meio ponto da projeção de crescimento do comércio em 2015. 

De uma forma geral, os emergentes registraram uma contração nas exportações de 1,9% nos dois primeiros trimestres. Nas importações, a queda foi ainda maior, de 2,2%.

O resultado afetou até mesmo os países ricos que, desde 2009, passaram a apostar nos emergentes para manter suas taxas de crescimento comercial. Nos dois primeiros trimestre do ano, as vendas dos desenvolvidos caíram em 0,2%. 

Em comparação a 2014, porém, Europa e EUA dão sinais positivos. Depois de uma longa estagnação,a UE registrou o maior crescimento de vendas no mundo, com alta de 2,7% no segundo trimestre e 2,1% para a América do Norte. 

No que se refere às importações, a alta foi ainda maior, de 6,5% na América do Norte, contra uma contração de 2,3% na América do Sul.

A OMC não descarta que outro fator que pesa é a queda nos preços de commodities e a flutuação de moedas. Para o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, os resultados de 2015 mostram que o comércio poderia ajudar a "revigorar a economia global". Ele, portanto, aproveitou para pedir que governos cedam em suas posiçõeõs e aceitam um acordo na conferência ministerial da OMC, em dezembro. 

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