Analistas e investidores estrangeiros expressaram nesta quinta-feira uma clara confiança na capacidade do Brasil superar a atual turbulência financeira global e otimismo com perspectivas do País durante um encontro realizado pela associação dos corretores de ativos emergentes, a EMTA. Reunidos na sede do banco Merrill Lynch na City londrina, estrategistas chefes de grandes bancos e fundos de investimentos destacaram o País como um caso positivo enquanto, ao mesmo tempo, elegeram a Turquia como o emergente mais preocupante, não descartando até a necessidade do país vir a necessitar do socorro financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI). O tom positivo com o Brasil foi tão marcante que as discussões em torno do País se concentraram sobre se ele já merece ou não o `grau de investimento´, classificação conferida pelas agências de risco às economias consideradas portos seguros para os investidores. Nem mesmo a eleição presidencial, que causou enorme turbulência nos mercados em 2002, parece incomodar os analistas, que por enquanto a consideram um evento neutro, sem impacto nos negócios. "Para mim o Brasil já é grau de investimento", disse o gerente para mercados emergentes do fundo Bluebay Asset Management, Simon Treacher. Rob Drijkoningen, chefe para dívida emergente do ING Investment Mangement, também expressou uma avaliação positiva sobre o Brasil, mas lembrou que o País ainda tem uma dívida ampla, que levará tempo para ser reduzida em relação ao PIB. A perspectiva de uma disputa presidencial polarizada entre o presidente Lula e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), considerados dois candidatos comprometidos com a manutenção da política econômica ortodoxa, parece tranqüilizar os investidores. "É um não evento para os mercados", afirmaram Treacher e Susane Gahler, diretora do fundo F&C Management. "Ninguém está prestando atenção à eleição no Brasil", disse a Agência Estado o chefe de pesquisa para países emergentes do WestLB, Giancarlo Perasso. Já Philip Poole, chefe global de pesquisa emergentes do banco HSBC, demonstrou maior cautela. "Por enquanto, a eleição brasileira não chama atenção, mas isso poderá mudar nas próximas semanas", disse Poole. Banco Central A atuação do Banco Central (BC) do Brasil atraiu críticas e elogios. Jerome Booth, chefe de pesquisa do Ashmore - um dos fundos com maior exposição aos emergentes no mundo - é um antigo crítico da política de juros da equipe liderada por Henrique Meirelles, que considerada desnecessariamente rigorosa. "O BC brasileiro tem medo demais da inflação", disse Booth.