PUBLICIDADE

Brasil é um dos países mais "atraentes" para investimento

O motivo é a recuperação do real e a boa performance da Bovespa. Estrategistas observam um movimento mais sustentando de demanda pela moeda brasileira

Por Agencia Estado
Atualização:

Após enfrentarem mais de um mês de fortes ajustes, os ativos de alguns países emergentes voltam a atrair os investidores. A boa notícia para o Brasil é que, nesse processo cada vez mais seletivo, seus ativos estão listados entre os mais atraentes, o que já está se refletindo na recuperação do real e a boa performance da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Estrategistas em Nova York e Londres observam inclusive nos últimos dias um movimento mais sustentando de demanda pela moeda brasileira, que foi reforçado pelo upgrade da nota soberana do País anunciada pela agência de risco Fitch Ratings. Esse movimento de investimento, porém, é ainda marcado por uma forte cautela diante dos rumos da inflação e juros nos Estados Unidos, que segue ampliando a aversão ao risco nos mercados mundiais e que poderá se agravar dependendo dos futuros indicadores da economia norte-americana. Os analistas do setor de estudos do banco espanhol Cajá Madrid observam que o crescimento econômico mundial continua sendo um fator chave no sentimento dos investidores. Os sinais de forte atividade na China e a recuperação econômica no Japão e Europa deram fôlego nos últimos dias às suas respectivas áreas de influência. E como o preço das matérias primas está vinculado ao crescimento, sua boa performance favorece os países exportadores de commodities, como os latino-americanos e a Rússia. "Neste momento, está claro que o processo de restrição de liquidez segue generalizando-se e como os sinais de crescimento na economia mundial são positivos, os investidores já começam a discriminar os países segundo seus fundamentos internos", afirmaram os analistas da Cajá Madrid. "O Brasil está se diferenciando positivamente e isso fica comprovado pelo comportamento de seus mercados e a elevação de seu rating anunciada pela Fitch." Um caso oposto, observaram, é o da Turquia, que está tentando enfrentar o ajuste nos mercados com novas medidas, como a intervenção na lira e elevação de 400 pontos base nos juros realizada há duas semanas. A Hungria e a África do Sul também estão sendo penalizados. Necessidades financeiras Phillip Poole, chefe de pesquisa para mercados emergentes do HSBC, afirma que os países mais vulneráveis ao aperto monetário global são aqueles com amplas necessidades de financiamento externo. Nessa categoria, a Turquia é destaque, mas a Hungria e Índia também apresentam fragilidades. O economista observa que os países cujo diferencial dos juros domésticos com as taxas dos países ricos se contraiu a um ponto cujas operações de carregamento ou spreads já não são suficientes para proteger suas moedas ou ativos poderão também ficar mais vulneráveis. Segundo Poole, todos os emergentes se incluem nessa categoria, mas a Ucrânia e México seriam os mais frágeis. Segundo o economista do HSBC, em termos de moedas, Polônia, Indonésia e Brasil oferecem potencial de ganhos no prazo mais longo diante da combinação de deus yields e suas taxas de câmbio. Nuno Camara, economista sênior do Dresdner Kleinwort, avalia que o Brasil começa a se consolidar como um dos portos seguros para os investidores expostos aos emergentes. "A demanda pelo Brasil tem dados sinais de recuperação e mantemos nossa previsão de uma real a 2,10 diante do dólar no final deste ano", disse o analista. O gerente do fundo acionário emergente global do grupo Fortis, Gabriel Wallach, disse ao jornal Financial Times que o Brasil é um dos países emergentes mais atraentes após a correção ocorrida nos mercados. Segundo ele, os ativos do País parecem sólidos e suas taxas de juros estão declinando, seguindo uma direção inversa á maioria dos países. Wallach acredita que o recente ajuste foi mais relacionado com valores do que fundamentos e também vê boas perspectivas na Índia, México e Rússia. "Os mercados emergentes não estão implodindo", disse Wallach. "O dinheiro real não está revertendo direção nesses mercados."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.