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Brasil e Venezuela decidem levar adiante o Gasoduto do Sul

Lula e Chávez assinam termo que garante conclusão de projeto sem percalços

Por Agencia Estado
Atualização:

Os governos do Brasil e da Venezuela decidiram levar adiante os estudos do Gasoduto do Sul, tubulação que levaria gás venezuelano à Argentina. Em um primeiro momento, porém, as estatais Petrobrás e PDVSA estudarão apenas um trecho inicial que vai até Pernambuco, no Nordeste brasileiro, passando por Manaus e com ramais para todas as capitais nordestinas no caminho. As duas empresas se comprometeram a concluir o projeto conceitual do empreendimento ainda este ano para, já em 2008, desenvolver o projeto básico de engenharia. O anúncio foi feito ao final do primeiro dia da Cúpula do Mercosul, em cerimônia com a presença dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez. Segundo o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, os dois presidentes assinaram um memorando de entendimentos bilateral e esse termo poderá garantir que o projeto seja concluído sem percalços regulatórios. Para ser levado adiante, disse o executivo, o projeto terá de ser objeto de um tratado bilateral que imponha garantias de respeito ao investimento. O projeto O Gasoduto do Sul começou a ser estudado no início de 2006, considerando o transporte do gás venezuelano por todo o território brasileiro, cruzando o Uruguai, até Buenos Aires. Nesta quinta, os executivos afirmaram que a participação de outros países é bem-vinda, mas o primeiro trecho, de 5 mil quilômetros e capacidade para transportar 50 milhões de metros cúbicos por dia - pouco mais do que o Brasil consome atualmente, será estudado em separado para garantir maior agilidade ao processo. As empresa não quiseram se comprometer com uma estimativa de investimentos no projeto. O trecho em estudo sairá de Güiria, no Norte da Venezuela, e transportará gás do projeto Mariscal Sucre, na plataforma continental do país vizinho, controlado pela PDVSA, mas com possibilidade de ceder 35% à Petrobrás. Mariscal Sucre tem reservas estimadas em cerca de 400 bilhões de metros cúbicos, equivalentes às reservas brasileiras do combustível. Metade desse volume seria comprometida com as exportações ao Brasil. O acordo Pela manhã, Chávez já havia dado sinais de que um acordo estava próximo. "Estamos conversando sobre vários assuntos, sobretudo sobre o gasoduto", afirmou, na chegada ao evento. "Não se preocupe, Brasil, que todo o gás de que vocês precisam está na Venezuela", completou. A declaração gerou suspeitas de que o país estaria deixando de lado a Bolívia, principal supridor do mercado brasileiro. "Não entendo isso como uma competição. Seria burrice competirmos entre nós", disse mais tarde o ministro boliviano dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, para quem a Bolivia pode manter o mercado do Sul e do Sudeste e a Venezuela, do Norte e Nordeste. Petrobrás e PDVSA assinaram ainda uma série de convênios que detalham projetos que vêm sendo negociados há anos. No campo de Carabobo 1, por exemplo, a idéia é que a estatal brasileira fique com 40% da empresa mista que vai explorar as reservas, estimadas em 9 bilhões de barris de petróleo. Em contrapartida, a PDVSA fica com 40% da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que também vai processar petróleo venezuelano. Gabrielli informou que os investimentos projetados para a refinaria aumentaram dos US$ 2,5 bilhões iniciais para US$ 4 bilhões. As duas empresas acertaram ainda o desenvolvimento de cinco campos maduros na Venezuela. Todos os projetos, porém, ainda passarão por análises antes de os contratos serem assinados. Chávez e Lula não fizeram declarações durante a coletiva.

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