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Brasil eleva oferta de combustíveis derivados de vegetais

O H-Bio, desenvolvido e patenteado pela Petrobras, foi testado industrialmente nesta terça-feira, sob presença do presidente Lula e de Sérgio Gabrielli

Por Agencia Estado
Atualização:

O Brasil apresentou nesta terça-feira um novo diesel - o H-Bio - elaborado a partir de uma mistura de petróleo e óleos vegetais, com o qual eleva sua atual oferta de combustíveis alternativos derivados de vegetais. O País, considerado modelo por nações como os Estados Unidos na produção de combustíveis ecológicos, já tem uma grande frota de veículos movida a álcool e gás natural, e também introduziu o biodiesel (diesel mineral a que se acrescenta uma pequena proporção de óleos vegetais) no mercado. O H-Bio, desenvolvido e patenteado pela Petrobras, foi testado industrialmente nesta terça-feira em cerimônia em que estiveram presentes o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. "Isto é uma revolução de grandeza indescritível para o século 21. Este é um combustível menos poluente, mais econômico e que gera mais empregos porque utiliza a produção de milhares de agricultores", afirmou Lula no discurso feito na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, no Paraná. "Agora podemos dizer que vamos plantar petróleo, em vez de dizer que vamos extrair", acrescentou. Características O H-Bio tem as mesmas características energéticas do diesel usado para motores, caminhões e termelétricas no país, com a vantagem de que emite menos gases poluentes e tem um conteúdos menor de enxofre. Na situação atual, com o preço do petróleo em níveis recordes, o novo combustível é mais econômico que o diesel tradicional e a expectativa é de que essa situação se mantenha durante muitos anos, segundo Gabrielli. "Os testes confirmaram a viabilidade técnica e comercial do processo de elaboração do combustível", disse à Efe Paulo Roberto Costa, diretor de abastecimento da Petrobras. O combustível começará a ser produzido em escala comercial a partir de dezembro em uma das onze refinarias da Petrobras. Outras duas refinarias começarão a produzi-lo em 2007, e outras duas em 2008. Produção O H-Bio é produzido a partir de uma mistura do diesel tradicional derivado do petróleo com entre 10% e 18% de óleos extraídos de oleaginosas como soja, girassol, rícino, algodão, entre outros. "Este combustível tem uma função social, já que resolverá o problema de milhares de agricultores nas regiões mais pobres do país", disse Lula. Ao contrário do biodiesel, que o Brasil começou a produzir em 2004 e que é um diesel mineral a que se acrescenta óleo vegetal em uma percentagem de apenas 2%, o H-Bio, misturado diretamente na refinaria, é um combustível de qualidade superior ao diesel mineral, com menor conteúdo de enxofre e que emite menos gases poluentes. Inicialmente, a Petrobras produzirá com a nova tecnologia 1% do diesel atualmente consumido pelo país, mas o H-Bio permitirá ao Brasil reduzir em 15% suas importações de diesel, o que representa cerca de 250 milhões de litros por ano e uma economia de US$ 145 milhões ao ano. Após ter implantado o álcool no país como alternativa à gasolina, o Brasil terá o H-Bio como alternativa ao diesel. Investimento O Brasil é um dos países que mais investiram na produção de combustíveis vegetais e cerca de 80% dos veículos que fabrica atualmente podem funcionar a álcool ou gasolina. O País é o maior produtor e exportador mundial de álcool e seus principais clientes são Estados Unidos e Japão, nação que já aprovou um projeto para misturar o etanol à gasolina. O governo Lula assinou acordos de cooperação com vários países sul-americanos e centro-americanos que produzem cana de açúcar para compartilhar sua tecnologia na elaboração de etanol e garantir a oferta mundial do produto. Lula disse que em todas as suas reuniões com chefes de Estado de países desenvolvidos expôs as vantagens dos combustíveis alternativos e conseguiu uma boa receptividade. "O Brasil se transformará neste século no país mais importante no ramo da energia renovável. Ninguém poderá competir com o país", afirmou.

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