Publicidade

Brasil está entre emergentes 'que investem menos'

Segundo Economist Intelligence Unit, país está em 122º em lista de 145 países.

Por Iracema Sodré
Atualização:

A taxa de investimento fixo no Brasil, que mede os recursos direcionados à compra de bens como máquinas, equipamentos e instalações, é uma das mais baixas entre as economias emergentes, segundo números divulgados nesta semana pela Economist Intelligence Unit (EIU). A taxa deve ficar em 17,7% do PIB em 2007, segundo as projeções da consultoria britânica. O número é o melhor dos últimos onze anos por uma pequena margem, de acordo com o levantamento histórico da EIU, mas ainda está longe do patamar previsto para este ano em outras economias emergentes. China (42,3%) e Índia (31,8%), por exemplo, viram os investimentos fixos aumentarem em cerca de 10 pontos percentuais na última década. Na Rússia, os números seguem um padrão parecido com o do Brasil, mas a projeção para 2007, de 19,6%, é levemente mais robusta. Entre os países da América Latina, o Brasil fica atrás de Argentina (23,9%), México (21,4%) e Chile (21%), entre outros. O levantamento da Economist Intelligence Unit - uma série de projeções para a economia global nos próximos cinco anos, divulgado mensalmente - traz os dados de investimento fixo em 145 países, e o Brasil ocupa a 122ª posição. No topo da lista, estão Lesoto (45,9%), Catar (43,5%) e China. Líbia (8,9%) e Costa do Marfim (8,6%) ocupam as últimas colocações. "Taxas mais altas de investimento fixo seriam benéficas para o crescimento brasileiro, mas o nível baixo deste tipo de investimento hoje no país ainda é um legado da instabilidade econômica, que só foi retificada recentemente", disse à BBC Brasil Justine Thody, diretora regional para América Latina da EIU. "Além disso, ainda há o conhecido 'custo Brasil' e a questão do preço e da qualidade da infra-estrutura no país. O Brasil tem muito trabalho pela frente, mas a situação já está melhorando e os investimentos devem subir constantemente no médio prazo." O relatório da Economist Intelligence Unit prevê também que a economia brasileira cresça, em média, 4% anualmente entre 2007 e 2012, ainda abaixo de muitos outros emergentes, especialmente na Ásia. Haveria espaço para uma revisão para cima desta projeção devido a bons números sobre a economia brasileira divulgados no país, mas a EIU acredita que as turbulências deste ano no mercado financeiro global levantam riscos para o Brasil, que ainda tem uma dívida pública muito alta. O relatório da consultoria britânica aposta ainda que as taxas de juros devem cair dos atuais 11,25% para cerca de 9,25% até 2012, o que funcionaria como um incentivo ao investimento e ao consumo no Brasil. Segundo a EIU, o cenário para as exportações brasileiras também é positivo. "O crescimento real das exportações, que desacelerou fortemente em 2006, já se recuperou substancialmente apesar da moeda forte e deve aumentar ainda mais", diz o relatório. "As exportações estão sendo alavancadas pela forte capacidade de expansão no setor de commodities agrícolas e pelo fato de que muitos empresários estão usando a força da moeda brasileira para comprar bens de investimento no exterior e expandir seu estoque de capital. Isso vai ajudar a contrabalançar o impacto negativo do forte Real na competitividade." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.