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Brasil está na rota de crescimento sustentável forte, diz Meirelles

Nos EUA, Meirelles usou os dados do IBGE sobre a produção industrial em janeiro para justificar um discurso otimista sobre o crescimento. O próprio IBGE não analisa esses números com tanto otimismo. Veja o que diz técnico do IBGE.

Por Agencia Estado
Atualização:

include "$DOCUMENT_ROOT/ext/politica/tickersobataque.inc"; ?> O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que os dados de produção industrial o deixam otimista em relação às perspectivas de crescimento da economia brasileira este ano. Após proferir palestra em seminário na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em Nova York, Meirelles se mostrou satisfeito com o nível de atividade econômica neste momento. "Se nós dessazonalizarmos os números da produção industrial em janeiro vamos ver que a produção industrial cresceu em janeiro ante dezembro 0,8%, o que equivale a uma taxa anualizada muito alta, por volta de 10% ao ano. Se nós também olharmos que esse é um número mais alto da série nos últimos anos, vamos ver que o Brasil já está com crescimento do nível industrial mais alto desde o ano 2000", afirmou Meirelles. Não-duráveis tiveram bom desempenho Meirelles destacou nos dados da produção industrial os componentes de desempenho dos bens duráveis e não-duráveis. "Os bens duráveis mantiveram crescimento forte. Os bens de capitais (máquinas e equipamentos) tiveram desempenho muito forte em janeiro, o que é positivo para o futuro. E os bens não-duráveis, que não estavam mostrando o mesmo dinamismo no ano passado, também mostraram um bom desempenho", afirmou. Meirelles disse que é natural que os bens duráveis já tivessem refletido uma melhora como reflexo da flexibilidade da política monetária desde meados de 2003. "Com a flexibilidade da política monetária os setores que lideram o processo de recuperação são aqueles mais sensíveis ao crédito. Contudo, na medida em que aumenta a massa salarial como resultado da recuperação isso faz crescer a demanda por bens não-duráveis. E esse aumento na demanda por bens não-duráveis já aconteceu em janeiro, quando os dados do IBGE mostram crescimento da produção dos não-duráveis", explicou Meirelles. Em rota de crescimento forte O presidente do Banco Central ressaltou ainda que o Brasil está claramente numa rota de crescimento sustentável forte. "Temos, portanto, números que nos dão todas as condições de sermos otimistas em relação ao crescimento do Brasil em 2004", afirmou. Indagado se o nível de juros da economia permitiria ainda ao Brasil crescer 3,5% este ano como projeta o Banco Central, Meirelles disse: "A projeção de crescimento de 3,5% está consistente com o nível atual de taxa de juros de mercado de médio prazo no Brasil, que são os juros refletidos pelos swaps de 360 dias, descontada a inflação esperada pelo mercado para os próximos 12 meses". Ele enfatizou que os juros reais atualmente são os mais baixos nos últimos 10 anos. "Essa taxa (de juro real de médio prazo) é consistente com o crescimento como já vínhamos dizendo. Evidentemente ainda é uma taxa elevada para padrões internacionais. Então é um desafio que continuemos a política de estabilização de preços no Brasil e de disciplina fiscal para que ao longo do tempo a taxa de juros de equilíbrio no Brasil possa cair e, portanto, possamos ter taxas ainda menores no futuro", observou o presidente do Banco Central. Ele afirmou que outro grande desafio no Brasil é aumentar a taxa de crescimento potencial do País. "E isso não é só uma tarefa do Banco Central mais sim de toda a sociedade e do governo no sentido de fazer as reformas essenciais para que a economia seja mais eficiente, aumente a capacidade produtiva e aí sim comece a crescer a taxas maiores, sem risco de inflação", afirmou. Produção industrial mostra que política monetária é adequada Meirelles reforçou sua explicação sobre o efeito do afrouxamento da política monetária em meados do ano passado sobre a economia. "A flexibilização da política monetária não mostra todos os seus efeitos imediatamente sobre o nível de demanda, ou seja, há uma defasagem. Portanto, um corte de mil pontos base desde o ano passado demanda um certo tempo para que todo o efeito seja sentido pela economia, o que faz sentido termos tido a prudência na decisão do Copom em janeiro e fevereiro de aguardar que esses efeitos fiquem mais claros antes de tomarmos medidas posteriores", afirmou Meirelles. Questionado sobre as críticas de que os juros estão muitos elevados e que a postura do BC estaria muito conservadora, Meirelles disse que o BC está cumprindo sua missão básica de perseguir a meta de inflação dentro do pressuposto de que a estabilidade de preços, nos termos da meta de 5,5% definida pelo CMN, é uma precondição para o crescimento econômico sustentado. O presidente do BC disse que "a economia entrou num ritmo adequado de crescimento, como foi visto no último trimestre do ano passado, de uma taxa anualizada de 6,14%. E janeiro já entrou com ritmo de crescimento industrial forte, o que nos faz considerar que estamos numa linha de política adequada", afirmou.

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