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Brasil facilita crédito de exportação para Argentina

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo pretende elevar os limites e alongar os prazos das operações de exportação abrangidas pelo Convênio de Crédito Recíproco (CCR), uma espécie de câmara de compensação de créditos e débitos comerciais mantida por bancos centrais latinoamericanos. Dessa forma, o Brasil ajudará a Argentina a atacar seu problema mais imediato na área de comércio exterior, que é falta de crédito. A medida, além disso, pode contornar o problema vivido por exportadores brasileiros que não estão conseguindo receber pelas vendas feitas ao país vizinho. ?Isso é o que tem de mais urgente?, disse nesta quinta-feira o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, lembrou que o governo já vinha estudando a eliminação completa dos limites de operação do CCR, que restringem a aplicação do convênio, no caso brasileiro, a negócios com prazos de até 360 dias e valor máximo de US$ 100 mil. Urgente Segundo ele, antes mesmo que se chegue a uma definição sobre esse assunto, algum mecanismo de emergência poderá ser aplicado para o comércio entre Brasil e Argentina. "As empresas argentinas estão tendo dificuldade de acesso a crédito e à moeda estrangeira. Se pudermos cursar um maior volume de operações através do CCR podemos contornar esse problema", afirmou Amaral. As alteraçoes no CCR, entretanto, ainda precisam ser negociadas com o Ministério da Fazenda, que sempre apresentou resistência a medidas que levem o governo a assumir riscos de empresas privadas. Oxigênio Mas, segundo Lafer, a equipe econômica está aberta à proposta de ampliar o CCR. ?Eles reconhecem a importância desses créditos para dar oxigênio às transações comerciais?, afirmou. Pelo CCR, que envolve 11 países da América Latina, o pagamento de importações e exportações é garantido pelos bancos centrais, que fazem um acerto de contas a cada quatro meses. Há algum tempo, de maneira unilateral, o Brasil estabeleceu limites a essas operações, porque a equipe econômica entendeu que não cabia ao Banco Central assumir os riscos comerciais do CCR. A Argentina havia adotado medida semelhante pouco antes, e agora, segundo Amaral, também resolveu abrandar suas restrições. De acordo com o ministro do Desenvolvimento, o novo formato do CCR que está sendo examinado pelo governo transfere o risco de cobertura das operações do Banco Central para o Tesouro Nacional. Ao elevar o limite e alongar o prazo das operações, o governo brasileiro aumentará a gama de produtos exportáveis para a Argentina com cobertura do CCR. Lafer não adiantou detalhes, mas explicou que há condições de fazer essas mudanças, porque o Brasil tem déficit comercial de US$ 1,2 bilhão com o país vizinho. Desse modo, parte do saldo acumulado pela Argentina poderia ser direcionado para pagar os exportadores brasileiros. Setor automotivo Além de buscar formas de restabelecer o crédito, Brasil e Argentina decidiram resolver suas pendências comerciais. Entre outros pontos, os dois países voltarão também a discutir o regime automotivo comum. Muitas empresas argentinas excederam nos últimos meses o limite de exportações para o Brasil, previsto no acordo, e estão sujeitas ao pagamento de multas. Segundo Sérgio Amaral, o governo brasileiro está agora aberto para reavaliar esse assunto. Leia o especial

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