O Brasil negociou, nos últimos quatro meses, a importação de 300 mil toneladas de trigo europeu, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). Desde total, aproximadamente 90 mil toneladas já teriam chegado ao País, informa o vice-presidente da Abitrigo, Ricardo Ferraz. O restante deve desembarcar nos portos brasileiros até novembro. É a primeira vez que a indústria nacional vai buscar na Europa esse volume de trigo - as 300 mil toneladas importadas de países como a Rússia, Polônia, Ucrânia e Cazaquistão representam mais da metade da importação média mensal do cereal, que é de 550 mil toneladas. No ano passado, por exemplo, mais de 95% das 7 milhões de toneladas de trigo importadas pelo Brasil vieram da Argentina. As outras 250 mil toneladas que completaram o abastecimento interno em 2001 foram fornecidas pelo Paraguai, Uruguai, Canadá e Estados Unidos. Neste ano, além de as importações de trigo americano terem quase triplicado nos últimos dois meses, a Europa virou forte alternativa de abastecimento porque o preço do trigo argentino começou a acompanhar a cotação do mercado internacional. Assim, mesmo com a Tarifa Externa Comum (TEC) de 11,5%, que incide sobre o trigo importado de fora do Mercosul, e as despesas com frete, a indústria considera viável importar trigo da Polônia - hoje cotado a US$ 165/tonelada enquanto o argentino é oferecido a US$ 200/t. A qualidade do trigo europeu divide a indústria moageira, principalmente a do Sudeste. Alguns moinhos afirmam terem testado trigo da Rússia e da Polônia e obtido resultados bem inferiores aos dos similares argentino e americano. Já Ferraz diz que os resultados agradaram aos moinhos do Nordeste, compradores da maior parte das 300 mil toneladas adquiridas, até agora, de países europeus.