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Brasil fecha vagas de trabalho em outubro pela 1ª vez, com atividade fraca

O Brasil fechou 30.283 vagas formais de trabalho em outubro, primeiro resultado negativo para esses meses na série histórica iniciada em 1999, com fortes demissões na indústria, construção civil e agricultura em meio ao cenário de atividade econômica fraca. Diante desse cenário, o governo reduziu mais uma vez sua previsão de geração líquida de empregos com carteira assinada neste ano. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta sexta-feira, no acumulado de janeiro a outubro, a economia brasileira gerou 699.841 empregos com carteira assinada no dado sem ajuste. Em igual período do ano passado, essa oferta de vagas havia sido de 1,133 milhão. Pesquisa da Reuters feita com analistas mostrou que a mediana das expectativas era de abertura de 56 mil empregos em outubro. "Há um esgotamento dos mecanismos de aquecimento da demanda", disse o professor de economia do trabalho da Universidade de Brasília, Carlos Alberto Ramos. "Não havia como manter o emprego com a economia estagnada", acrescentou. No semestre passado, o país caiu em recessão técnica num cenário de inflação elevada e confiança de empresários e consumidores em baixa. Em Salvador, segundo sua assessoria de imprensa, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, disse que a expectativa para o ano passa agora a ser de geração líquida de postos inferior a 1 milhão. Antes, a conta era de 1 milhão de vagas. Dias comentou que a queda em outubro surpreendeu o governo e que apresentará nova estimativa para o emprego com carteira assinada de 2014 após os dados de novembro. Em 2013, o total de empregos gerados no dado sem ajuste foi de 730.687 e, com ajuste, somou 1,138 milhão postos.

Por LUCIANA OTONI
Atualização:

ECONOMIA FRACA

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Os dados de outubro mostraram demissão líquida em importantes setores, enquanto em outros segmentos relevantes as contratações desaceleraram.

Segundo o Caged, a indústria voltou a registrar desligamentos líquidos em outubro, de 11.849 trabalhadores. Em igual mês de 2013, o setor havia tido contratação líquida de 33.474 pessoas, sem ajustes.

Na construção civil, o saldo líquido de demissões foi ainda maior: 33.556 operários. Em outubro do ano passado, o setor havia registrado desligamento líquido de 2.152.

A agricultura teve dispensa líquida de 19.624 trabalhadores rurais, terceiro mês consecutivo negativo. Em outubro de 2013, essas demissões haviam sido de 22.734, sem ajustes.

Comércio e serviços, apesar de se manterem em território positivo, desaceleraram fortemente as contratações.

As empresas de Serviços mostraram contratação líquida de apenas 2.433 pessoas no mês passado ante 32.071 em outubro do ano passado.

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No comércio, as admissões foram de 32.771, com queda de 37 por cento em relação à 52.178 trabalhadores contratados no passado.

Pesquisa Focus do Banco Central com economistas de instituições financeiras mostra que, pela mediana, as expectativas são de que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá apenas 0,20 por cento este ano, bem abaixo dos 2,5 por cento vistos em 2013.

No segundo trimestre, a taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,8 por cento, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgados pelo IBGE. No primeiro trimestre do ano, o indicador havia ficado em 7,1 por cento. Já no segundo trimestre do ano passado, o índice havia sido de 7,4 por cento.

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