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Brasil fica 'na lanterna' do crescimento

Projeções do FMI indicam que a economia brasileira deverá crescer menos que a África do Sul, país onde o desemprego é de 25%

Por Marcelo Rehder
Atualização:

Em dois anos do governo de Dilma Rousseff, o crescimento da economia brasileira deverá ser o menor entre os principais países emergentes do mundo, incluindo a América Latina. Levantamento do economista Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, feito com base em projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), indica que a economia brasileira deverá crescer no acumulado de 2011 e 2012 próximo a um terço dos países emergentes: 4,2%, ante 11,8%.No grupo dos Brics, o crescimento brasileiro deverá ser a metade do registrado pela economia russa, um terço do indiano, e menos de um quarto do chinês. "Vamos crescer menos que a África do Sul, país que apresenta um nível de desemprego da ordem de 25%", diz Leite.Na comparação entre o Brasil e as principais nações latino-americanas exportadoras de commodities, o País também fica para trás. Comparado à Argentina, país exportador de commodities agrícolas e sócio do Mercosul, e ao Chile e Peru, países exportadores de commodities minerais, o crescimento brasileiro ficará próximo de um terço."Os números mostram que estamos ficando para trás, não somente em relação aos países emergentes asiáticos, mas também em relação aos nossos vizinhos latino-americanos", ressalta o professor da Trevisan. "Para voltarmos a crescer de forma sustentável, sem inflação e sem necessidade de aumentar a taxa de juros, precisamos de mudanças estruturais, o que o governo não fez nos últimos anos."A elevada aprovação do governo Dilma, segundo o economista, mostra que a população brasileira ainda não foi afetada pelo reduzido crescimento. "O baixo índice de desemprego, os aumentos reais do salário mínimo, a expansão do crédito e a queda das taxas de juros têm garantido a satisfação popular", avalia. Conjuntural. Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores, avalia que boa parte da desaceleração da economia brasileira é mais conjuntural do que estrutural. Tanto é que o período de desaceleração mais intensa não foi em 2011 e 2012 como um todo. Na realidade, diz ele, foi na segunda metade de 2011 e na primeira de 2012. E os motivos, argumenta, foram os efeitos do freio colocado pelo Banco Central no consumo no fim de 2010 e começo de 2011, potencializados pelos efeitos da piora da economia global. "Demorou para que a atividade reagisse, mas os dados do PIB do terceiro trimestre, que serão divulgados esta semana, e os próprios dados do quarto trimestre sugerem que a economia brasileira saiu do buraco e caminha para crescer no ano que vem num ritmo mais próximo do seu potencial, que hoje é algo em torno de 4%", afirma Borges.

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