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Brasil já define recessão pelo critério dos EUA

Hoje, Comitê do Ibre divulga ciclos econômicos nos últimos 30 anos

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Por Fernando Dantas
Atualização:

O Brasil já estabelece os seus períodos de expansão e contração econômica num método semelhante ao dos Estados Unidos. A datação é considerada de melhor qualidade do que o critério de dois trimestres seguidos adotado para definir o que se chama de "recessão técnica" na maior parte dos países. Hoje, em entrevista à imprensa no Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio, será divulgada a cronologia dos ciclos de expansão e recessão da economia brasileira nos últimos 30 anos, com pontos de transição precisos, estabelecida pelo Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), organizado pelo Ibre. O Codace é coordenado por Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central (BC), e tem como membros os economistas Dionísio Dias Carneiro, do Instituto de Estudos de Política Econômica (Iepe-Casa das Garças); João Victor Issler, da Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) da FGV-Rio; Marcelle Chauvet, da Universidade da Califórnia; Marco Bonomo, da EPGE; Paulo Picchetti, da Escola de Economia de São Paulo (EESP/FGV); e Regis Bonelli, do Ibre. O Codace vai funcionar de forma parecida com o Comitê de Datação de Ciclo de Negócios do National Bureau of Economic Research (NBER), dos EUA. O Comitê do NBER tem a datação dos ciclos econômicos americanos desde 1854, e, no seu site, deixa claro que uma recessão não é definida como dois trimestres consecutivos de queda do PIB real, mas, sim, por "um declínio significativo na atividade econômica espalhado pela economia, durando mais do que alguns meses, normalmente visível no PIB real, na renda real, no emprego, na produção industrial e nas vendas no atacado e varejo". Na verdade, o método do NBER, e também o do Codace, além de utilizar todos aqueles dados, conta também com a interpretação dos conselheiros para definir os períodos de recessão e expansão. Para Rodrigo Azevedo, ex-diretor do BC e sócio da JGP Investimentos, "essa iniciativa é importante porque uniformiza a leitura do ciclo econômico no Brasil". Alexandre Schwartsman, economista chefe do Santander e também ex-diretor do BC, considera que a datação "é uma tremenda iniciativa, já que a definição de dois trimestres consecutivos de redução do PIB é muito superficial".

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