25 de outubro de 2013 | 02h06
Em 2013, o Brasil superou pela primeira vez Portugal como principal fonte de receita da companhia aérea TAP. Com 27% de participação em vendas e forte potencial de crescimento, o mercado brasileiro é o eixo central do crescimento da companhia nos últimos anos. A aposta da empresa é reforçar a participação em Viracopos, em Campinas, e ultrapassar a marca de 80 voos no País.
"É o nosso primeiro mercado, nossa expectativa de crescimento é muito grande. Estamos em 12 cidades, mas ainda tem muito o que fazer", afirma Luiz Mór, vice-presidente da companhia. O executivo prevê, para 2014, a ampliação dos voos no Rio, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre, além de duas frequências em Viracopos.
Aéreas pedem rotas flexíveis durante a Copa
"Não voamos mais para São Paulo pela limitação dos espaços nos aeroportos, toda capacidade está preenchida. Mas Viracopos vai construir uma competição com Guarulhos. A agressividade que administração está tendo para responder às nossas necessidades é muito boa", diz o executivo.
A companhia trabalha também na divulgação de novos destinos na região Norte, para Manaus e Belém. O objetivo é atender ao potencial reconhecido da Amazônia e também a relação histórica de Portugal com a capital paraense. As ações para a consolidação do mercado preveem até a inclusão de produtos da gastronomia do Pará nos voos da companhia.
"Era um destino para poucos, e caro. O que fizemos foi aproximar a região Norte da Europa." O desembarque da companhia na região Norte também visa desafogar as rotas em São Paulo e Fortaleza, usadas como escala. "Estamos com voos com 84% de ocupação, acreditamos que as novas rotas vão liberar uma demanda em São Paulo."
O executivo ressalta que a estratégia do grupo independe do calendário de eventos do País. "A Copa não é necessariamente uma coisa boa para a atividade aérea. Muita gente deixa de voar. Quem não vem para a Copa não vem para o destino. E os brasileiros evitam viajar. Tem sido assim com as Copas ao longo do tempo."
O apetite para crescer no País, segundo Mór, é a marca da renovação da companhia. "Somos especialistas no País. Mesmo em crise, não deixamos de operar em nenhuma cidade", diz o executivo.
Turbulências. Não foram poucas as turbulências na operação da TAP no País. Ex-diretor da Varig, Luiz Mór assumiu o cargo na aérea portuguesa em 2000, durante a primeira tentativa de venda da companhia. "Chegamos para recuperar uma empresa no fim de linha."
O processo de privatização não deu certo, e a opção dos executivos foi direcionar a expansão para o Brasil e África. Em 13 anos, a geração de rec eita da TAP no País cresceu 400%, enquanto o avanço na Europa ficou em 150%. O número de voos e cidades atendidas foi duplicado.
Em 2008, com a crise econômica e a forte retração no mercado europeu, o fluxo dos passageiros se inverteu. "O real esteve muito valorizado e teve um boom de viagens de brasileiros ao exterior, o que foi muito aproveitado (pela TAP)", ressalta Mór. "Foi o momento de reposicionar a marca no País. Buscamos nos colocar como uma marca dinâmica, jovem e para os brasileiros."
Hoje, as rotas no mercado brasileiro representam 45% dos voos da companhia. O desempenho despertou novo interesse na privatização, assunto que o executivo evita.
No início do ano, o governo português rejeitou oferta da Avianca - a única empresa que se interessou pela companhia aérea portuguesa. A proposta tinha a simpatia das autoridades brasileiras.
Capital externo. Apesar da aposta no Brasil, Mór descarta a participação da companhia lusitana no capital das aéreas nacionais. "Nós acompanhamos a discussão, mas não é para nós. O Brasil é um dos mais restritivos do mundo à participação de empresas estrangeiras. A tendência na Europa e Estados Unidos permitir até 49%, e essa deve ser a tendência no País",
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