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Brasil-Japão, uma parceria permanente

Por MARCOS B. A. GALVÃO
Atualização:

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Fumio Kishida, visitará o Brasil de 2/9 a 5/9. Seu programa inclui, entre outros compromissos, reunião de trabalho e assinatura de atos internacionais com o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, e encontros com a comunidade japonesa e brasileira nipodescendente em São Paulo.O mundo acompanha com interesse as medidas que o governo japonês formula e executa para viabilizar o retorno do crescimento sustentado ao país. A chamada "Abenomics" envolve agressiva política de expansão monetária, forte impulso fiscal, assim como diretrizes de reforma que vão da agricultura, passam pelo setor de saúde e chegam à maior participação das mulheres no mercado de trabalho.Terceira maior economia do mundo, o Japão é o nosso 5.º maior parceiro comercial. Trata-se de posição expressiva, mas que pode e deve melhorar, quantitativa e qualitativamente. Nossas exportações para o Japão concentram-se em importante, embora reduzido, elenco de produtos primários. Valiosa conquista recente, aliás, foi a abertura do mercado importador nipônico - o maior do mundo neste item - à carne suína do Estado de Santa Catarina.A história dos fortes vínculos entre empresas dos dois países remonta ao fim da década de 1950. De lá para cá, o Japão tem sido parceiro estratégico do nosso desenvolvimento em áreas como siderurgia, papel e celulose, eletroeletrônicos, automóveis e motocicletas. É preciso mencionar, também, a participação japonesa no desenvolvimento agrícola do Cerrado, trampolim da transformação do Brasil na potência agrícola que é hoje.Empresas nipônicas têm sido fonte importante de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil. Em termos de estoque acumulado, elas ocupavam, em 2010, a 7.ª posição. Quanto ao fluxo anual de IED, nos primeiros quatro meses de 2013 o Japão figura em 6.º lugar. Há cerca de 200 a 300 empresas nipônicas atuando no País. É significativo, mas é pouco. Para comparar: mais de 20 mil empresas japonesas atuam na China! E diga-se: são pouquíssimas as empresas nossas com presença no Japão. É preciso haver mais.O Japão é uma das maiores potências tecnológicas e científicas do mundo. O Brasil enfrenta com prioridade crescente o imperativo da inovação de seu parque industrial e dos demais setores de nossa economia - o desafio da competitividade. A longa e positiva experiência de trabalho com empresas japonesas faz com que sejam parceiras naturais de nossos empreendedores - e vice-versa -, principalmente na atual conjuntura de grandes oportunidades de investimento nos setores energético e de infraestrutura no Brasil.De parte a parte, existe o elemento crucial dos laços humanos que nos unem e criam vantagens comparativas para parcerias nipobrasileiras. Os 18 mil km que separam Brasília de Tóquio são relativizados pela presença de 1,5 milhão de descendentes de imigrantes japoneses no Brasil e cerca de 190 mil brasileiros que vivem e trabalham no Japão. Desses laços nascem valiosos sentimentos de familiaridade, confiança, respeito e admiração mútuos.É difícil imaginar condições permanentes mais propícias ao fortalecimento da parceria Brasil-Japão. Elas são reforçadas pelo alto grau de complementaridade de nossas economias, pela convergência das dotações e desafios de um lado, com as necessidades e capacidades do outro; e pelas diferenças de estágio e velocidade de desenvolvimento, de possibilidades de investimento e de tendências demográficas. Mas é preciso afastar visões estáticas dessa complementaridade. A mera troca de commodities por bens manufaturados não constitui lastro suficiente para a parceria transformadora que Brasil e Japão podem e devem seguir construindo. Investimentos produtivos sem transferência e desenvolvimento conjunto de tecnologia, tampouco.A visita do ministro é expressão da alta prioridade que o Japão atribui às relações com o Brasil. Nossa parceria deve ser permanente, em constante expansão e renovação. O fortalecimento da parceria Brasil-Japão é uma das melhores respostas que ambos os países podem dar aos seus desafios presentes e futuros, nacionais e internacionais.MARCOS B. A. GALVÃO É EMBAIXADOR DO BRASIL NO JAPÃO

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