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Brasil mapeia setor que nacionaliza o produto

Por Agencia Estado
Atualização:

Técnicos do Ministério da Fazenda estão investigando quais setores investiram mais em substituição de importações. O objetivo é antecipar o que ocorrerá com a balança comercial num ambiente de crescimento econômico. Há suspeitas de que a velha equação segundo a qual uma economia mais aquecida significa mais importações, menos exportações e mais déficit na balança comercial já não seja assim tão verdadeira para o Brasil. A questão é saber o quanto. "Há mudanças em curso que estão passando despercebidas", diz o secretário-adjunto de Política Econômica, Roberto Iglesias. "Estamos fazendo essa sondagem e também pedindo aos analistas do setor privado mais atenção para esse processo, porque há muita coisa acontecendo no mundo dos negócios, no lado da economia real." As estimativas apontam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 2,5%. Caso os prognósticos se confirmem, o número modesto estará refletindo muito mais o mau desempenho do ano passado do que o que efetivamente estará ocorrendo na economia neste ano. Para o último trimestre, esperam-se taxas que, projetadas para 12 meses, apontarão crescimento de 4% a 5%. Nos últimos anos, taxas de expansão do PIB dessa magnitude pioravam o resultado da balança comercial. Numa economia acelerada, aumentam as importações de máquinas e equipamentos (para expansão e modernização das fábricas) e de matérias-primas e produtos intermediários. Ao mesmo tempo, as exportações caíam porque aumentava a venda desses produtos no mercado interno. O resultado era déficit na balança. Investimentos - Iglesias conduz uma investigação mais profunda sobre a "economia real" pois acredita que, nos últimos anos, foram feitos investimentos para a produção local substituir mercadorias importadas. Isso pode significar que as importações não vão disparar por causa do aquecimento da economia. Ele cita como exemplo a Onip, uma associação de empresas interessadas em fornecer máquinas para a indústria petrolífera. "Também há novidades em termos de substituição das importações no setor de informática", comenta. Uma combinação de taxa de câmbio alta, bom nível de produtividade, perspectiva de queda nos juros e salários relativamente baixos torna o Brasil atraente para esse tipo de investimento, segundo avaliou o secretário. Além disso, Iglesias acredita que exportar tornou-se parte da estratégia de muitas empresas. Elas não deixarão de fazê-lo com o intuito de desviar sua produção para o mercado interno. O ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, costuma dizer que as empresas estão usando a exportação como maneira de fazer hedge cambial, ou seja, para garantir uma fonte de receitas em dólares. É muito diferente do que ocorria no passado quando as empresas só se preocupavam em exportar o que não conseguiam vender no mercado interno. Os exportadores também estariam se beneficiando, agora, de um processo que começou há pelo menos cinco anos, de o governo e o setor privado investirem na promoção comercial.

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