Os fabricantes brasileiros de aço e alumínio já negociam com seus clientes americanos acordo que estabeleça uma espécie de cotas de produtos a serem comercializados, disse Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e consultor de empresas brasileiras.
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A estratégia está sendo pensada para que ambos os lados não sejam fortemente afetados pela política do presidente dos EUA, Donald Trump, que elevou as tarifas de importação de aço e alumínio sob o argumento técnico de que se trata de uma questão de segurança nacional.
“No fundo, no fundo, são cotas que eles vão estabelecer”, disse o embaixador, que auxilia siderúrgicas do lado brasileiro na empreitada. “Essa negociação já vem um pouco com cartas marcadas, os Estados Unidos vão querer o que estão chamando lá de ‘voluntary expansion restriction’, que são esses acordos de restrição voluntária de exportação”, acrescentou.
Na semana passada, o Brasil foi excluído por 30 dias da aplicação de taxas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio impostas pelo governo Trump. Ao mesmo tempo, o Departamento de Comércio abriu prazo para que empresas americanas peçam a exclusão de seus fornecedores.
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Na Fiesp, Barbosa tem conversas estratégicas com as siderúrgicas sobre ambas as negociações. O movimento de Trump causou fortes reações nos mercados financeiros e entre agentes econômicos, com temores de que possa desencadear uma guerra comercial global.
Apesar de acreditar que as fabricantes brasileiras Gerdau e CSN devem obter cotas para vender aos Estados Unidos produtos ou quantidades de aço semimanufaturado sem pagamento das tarifas, para o embaixador negociações desse tipo tendem a cobrar um preço e não há ganhadores.
Ex-embaixador brasileiro em Washington de 1999 a 2004, Barbosa avalia que a tensão entre EUA e China não deve escalar a ponto de se transformar em uma guerra comercial mais ampla, embora haja “sério risco” de que isso aconteça. / Reuters