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Brasil obtém grau de investimento apesar de crise

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Por Redação
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O Brasil atingiu o tão esperado grau de investimento, na avaliação da agência de classificação Standard & Poor's, refletindo as melhores condições das contas externas e da economia doméstica. A agência S&P elevou nesta quarta-feira a nota atribuída à dívida de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil para "BBB-", o primeiro nível da faixa de grau de investimento. Na prática, isso significa que a agência considera que o país se tornou mais confiável para honrar suas dívidas. "A elevação reflete o amadurecimento das instituições brasileiras e a estrutura de política, como foi evidenciado pelo alívio da carga de dívida fiscal e externa e (reflete) as melhores perspectivas de tendência de crescimento", disse a analista de crédito da S&P Lisa Schineller. Alguns economistas foram surpreendidos pelo momento do movimento, enquanto outros já o esperavam havia tempo, mas todos foram unânimes em dizer que a crise internacional de crédito foi positiva para a decisão, já que o Brasil mostrou forte durante momentos de turbulência. "(A elevação) veio principalmente pela evolução das contas externas --o Brasil é credor líquido já-- e pelas contas do governo, que teve superávit nominal", disse à Reuters Flávio Serrano, economista-chefe da López León Markets. Para a analista da S&P, "a dívida geral do governo continua mais alta do que a de muitos países classificados em 'BBB', mas um histórico bastante previsível de políticas fiscal e de administração de dívida pragmáticas mitigam esse risco", acrescentou ela. A avaliação de longo prazo em moeda local também foi elevada pela agência, de "BBB" para "BBB+". O rating de curto prazo em moeda estrangeira foi de "B" para "A3", enquanto em moeda local passou de "A3" para "A2". Os economista esperam que agora as duas outras principais agências de classificação sigam a S&P. Por enquanto, Fitch e Moddy's colocam o Brasil a um degrau do grau de investimento. "No curto prazo gera euforia e no médio prazo a gente vai ter algumas fontes de recursos que não podiam investir em países que não eram investiment grade... e isso será fortalecido assim que as demais agências seguirem a S&P", disse Vladimir Caramaschi, economista-chefe da Fator Corretora. "O comportamento do Brasil durante a crise deu espaço para a S&P fazer isso. A economia doméstica está se sustentando bem, o risco-país se mantendo na faixa dos 200 pontos, o crescimento econômico está bom, tanto que o BC está até aumentando juros, mostrando responsabilidade quanto à inflação." O mercado reagiu positivamente à notícia. A Bovespa subia mais de 6 por cento e o dólar encerrou em baixa de 2,5 por cento. Nicola Tingas, economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alertou apenas para um movimento especulativo na bolsa no curto prazo, mas disse que o Brasil terá novas oportunidades de atração de recursos. "Estruturalmente o investment grade é uma excelente oportunidade para o país, inclusive para a diminuição dos juros e para atrair fundos, o que dá margem para o país ser ousado na área fiscal e na desoneração tributária", afirmou. (Por Vanessa Stelzer; reportagem adicional de Daniela Machado, Silvio Cascione e Alberto Aleirig Jr; edição de Alexandre Caverni)

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