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Brasil pede reunião com emergentes

Objetivo é debater uma estratégia conjunta para a retomada das negociações da Rodada Doha, em setembro

Por Jamil Chade
Atualização:

O governo brasileiro está convocando uma reunião dos países emergentes nesta semana para começar a debater uma estratégia de como atuarão nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) a partir de setembro, quando o processo será retomado. Nas principais capitais do mundo, porém, o entusiasmo já não é o mesmo em relação à conclusão do processo até o fim do ano. Americanos e asiáticos já começam a debater em setembro um plano B caso o processo na OMC fracasse com a criação de uma área de livre comércio no Pacífico. O bloco reuniria um grupo de países que representam mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Em julho, a OMC apresentou propostas para a liberalização dos setores agrícola e industrial. Mas os países emergentes rejeitaram as exigências que teriam de fazer no setor de produtos manufaturados. Os Estados Unidos indicaram que não poderiam cortar seus subsídios nos níveis indicados pela OMC. Sem um acordo, a entidade concordou em retomar seus trabalhos a partir de 3 de setembro para tentar aproximar posições. O mediador das negociações agrícolas, Crawford Falconer, já informou que as reuniões ocorrerão todos os dias por três semanas em setembro para que um eventual novo rascunho do acordo seja produzido. Para enfrentar esse processo, o Brasil se reunirá com Índia, Argentina e outros países emergentes (conhecidos como G-29) na quinta-feira e com os exportadores agrícolas para estudar ações conjuntas. O Brasil quer convencer o G-20 a ''''refinar'''' suas posições. Mas o entusiasmo por um acordo em 2007, como tanto havia prometido o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, dificilmente será atingido em quatro meses. Os países asiáticos, por exemplo, já intensificam os trabalhos para que acordos comerciais entre eles estejam concluídos nos próximos dois anos. Já nos dia 8 e 9 de setembro, a cúpula da Cooperação Econômica da Ásia e Pacífico (Apec) se reúne em Sidney, na Austrália, para debater como tornar o projeto de uma área de livre comércio entre países como China, Índia, Austrália, Estados Unidos, Canadá, México e Chile uma realidade. Juntos, esses países representam mais de 50% do comércio internacional. Ao contrário do que ocorre na OMC, Washington é um dos grandes incentivadores desse projeto. Para muitos, o acordo ainda seria um Plano B caso a OMC de fato fracasse nos próximos meses. O encontro em Sidney contará com os presidentes dos Estados Unidos, George W. Bush, da China, Hu Jintao, e o primeiro-ministro da Austrália, John Howard, além de outros líderes regionais. Todos deverão pedir em seus discursos uma retomada do processo da OMC. Mas tanto diplomatas como representantes do setor privado admitem que já está na hora de trabalhar concretamente em alternativas que possam gerar resultados.

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