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Brasil pode se beneficiar da crise de confiança, diz Parnes

Por Agencia Estado
Atualização:

O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Beny Parnes, acredita que as fraudes descobertas na Worldcom, a gigante americana de telecomunicações, deverão num primeiro momento provocar uma aversão total a qualquer tipo de risco por parte dos investidores. No entanto, ele afirma que, passado o impacto inicial, eles tendem a buscar melhores ganhos. Ele lembra que isso aconteceu no início deste ano, após a quebra da empresa de energia Enron. "Muitos investidores falaram que se o risco efetivo para investir nos Estados Unidos era maior do que se imaginava, então, era melhor correr risco onde ele era melhor remunerado", disse o diretor, citando as economias emergentes como alternativa nesse caso. Isso, segundo ele, beneficiou as captações externas da República realizadas até abril deste ano. "Houve uma avalanche de liquidez para os emergentes e o Brasil se beneficiou disso nas suas captações", afirmou. Agora, diz, a situação pode se repetir. "A confusão está tremenda nos EUA e ninguém quer risco nenhum. Essa é a nuvem negra. Mas, num segundo momento, pode-se preferir correr o risco onde tem um nível de informação e retorno razoável", defendeu. É nesse contexto que o Brasil poderá se beneficiar da crise de confiança que tomou conta dos mercados após as fraudes gigantescas nos balanços de empresas americanas. Beny Parnes ressaltou ainda que as normas brasileiras, estabelecidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) "são duríssimas" e inovadoras. "A determinação de mudar a empresa responsável pela auditoria a cada três anos, que já adotamos para os bancos e agora vale para as empresas, é um avanço importante e praticamente só o Brasil faz isso", completou. Xerox O diretor de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn, continua confiante de que o Brasil conseguirá receber no segundo semestre do ano US$ 9 bilhões de investimentos estrangeiros diretos, apesar da crise de credibilidade que se abateu sobre as grandes empresas internacionais, como a Enron, a WorldCom e, mais recentemente, a Xerox. Ele lembrou que no ano passado, mesmo nos momentos mais críticos, como em setembro e outubro, após os atentados terroristas aos Estados Unidos e a piora da situação da Argentina, o Brasil recebeu cerca de US$ 1,5 bilhão de investimentos estrangeiros diretos em cada mês. Pela previsão do BC, o Brasil deverá receber este ano US$ 18 bilhões desse tipo de recurso. Até maio, já ingressaram US$ 8 bilhões no País, e a expectativa é de que em junho outros US$ 1 bilhão ingressem. "Os investimentos estrangeiros diretos têm uma sensibilidade menor do que outros fluxos de recursos às incertezas de curto prazo", disse Goldfajn.

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