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Brasil pode torna-se exportador de gás, diz Bear Stearns

Por ALINE CURY ZAMPIERI
Atualização:

A descoberta de "uma grande jazida" de gás natural e condensado na camada pré-sal da Bacia de Santos anunciada ontem pela Petrobras pode transformar o Brasil em exportador de gás, diz o banco de investimento norte-americano Bear Stearns em relatório. O banco afirma que o Brasil importa cerca de 50% do gás que consome da Bolívia. "Júpiter pode prover a base de reserva necessária para transformar a estratégia de exportação em realidade. Porém, más notícias para a Bolívia, que está trabalhando para convencer o Brasil a ampliar seus contratos de gás além de 2017", continua o Bear. A instituição afirma ainda que a Petrobras "mal está" no negócio de gás natural liquefeito (GNL), tendo apenas assinado poucos contratos para iniciar importações ou regaseificação da compra de gás na Bacia Atlântica para prover uma reserva durante picos de demanda. "Comentamos sobre a possibilidade de a empresa se transformar em exportadora de gás há alguns anos, logo após a descoberta de Mexilhão, no bloco BS-400. Combinada com o BS-500, a Petrobras definiu uma área de 3 bilhões de barris de óleo equivalente de gás, ao mesmo tempo em que a Bolívia estava procurando renegociar seu contrato com o Brasil. Depois de explorações, a descoberta diminuiu de tamanho. Jupiter deve revigorar as esperanças". Segundo o Bear, as novas reservas devem certamente transformar o Brasil em outro líder regional no setor, especialmente em relação a Argentina e, talvez, o Chile. "A Venezuela pode considerar suas idéias de um gasoduto norte-sul, já que sua grande reserva de gás está se tornando cada vez menos intrigante. Da mesma maneira, a Bolívia pode enfrentar problemas, a menos que o Brasil seja caridoso e concorde em continuar a importar algo de que não precisa mais". A Bolívia, de acordo com a instituição, teria apenas a Argentina como opção para consumir seu gás, um consumidor fraco. Preço O Bear diz ainda que, no mercado de GNL, muitas empresas com grandes projetos de gás estão suprindo as crescentes necessidades de Estados Unidos e Europa, o que tem ajudado a manter os preços relativamente baixos na comparação com o óleo cru. E as projeções não são diferentes, pelo menos para os próximos anos. "No longo prazo, o preço do gás liquefeito pode mudar de patamar, mas em razão da magnitude das novas descobertas, a alteração não parece iminente." O custo de produção da Petrobras na camada pré-sal deve ser mais alto que o do campo norte em Qatar, dos sistemas de gás na Nigéria (que são muito baixos), do campo Shtokman, da Gazprom, ou ainda do Snofvit, da Statoil, no Mar de Barents.

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