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Brasil poderá discutir cotas agrícolas com a UE

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura, Pedro de Camargo Neto, disse que caso a União Européia (UE) ofereça um aumento de cotas de exportação para os produtos agrícolas dos países do Mercosul, essa estratégia deverá ser recíproca. "Se apenas nos oferecerem cotas, deveríamos estabelecer cotas, por exemplo, para os produtos industrializados europeus", disse Camargo à Agência Estado. "Esse seria o caminho natural para manter o equilíbrio nas negociações." Na semana passada, durante a Cúpula de Chefes de Estado da América Latina, Caribe e UE, em Madri, circulou nos bastidores a possibilidade de os europeus elevarem as suas cotas para alguns produtos agrícolas do Mercosul. Esse gesto seria uma maneira de atenuar a frustração do Mercosul com a falta de progresso nas negociações para a área agrícola e manter o diálogo aberto. O comissário europeu para o Comércio, Pascal Lamy, deixou claro que a questão dos subsídios europeus à agricultura somente será negociada dentro da rodada multilateral da Organização Mundial do Comércio. A proposta de aumento das cotas sensibiliza principalmente os argentinos e uruguaios. Eles defendem uma postura mais pragmática do Mercosul, já que a queda de tarifas e subsídos europeus, pelo menos no curto prazo, está fora de questão. A negociação de cotas poderia resultar numa elevação quase que imediata das vendas agrícolas argentinas para a UE, num momento no qual o país necessita com urgência elevar os seus ganhos. O Brasil, apesar de manter uma postura mais cautelosa, mudou o tom de seu discurso e também não descarta uma negociação de cotas. O tema poderá ser tratado na reunião ministerial entre a UE e o Mercosul que acontecerá em, Brasília, no mês de julho. Camargo Neto disse que para que uma proposta de cotas seja atraente para o Brasil, ela terá de ter um "caráter dinâmico". "Precisam ser cotas dinâmicas, que precisam ser elevadas gradualmente com o tempo, seguindo um cronograma negociado", disse. "Elas também têm de ser acompanhadas pelo avanço das negociações para a queda de subsídios agrícolas na OMC, que levem a uma perspectiva concreta de abertura total do mercado europeu aos nossos produtos".

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