SÃO PAULO - O ex-presidente do Banco Central (BC), Affonso Celso Pastore, defendeu nesta quinta-feira, 23, reformas econômicas de estimulo ao aumento dos investimentos no País.
Pastore calcula que o déficit em transações correntes no Brasil fechará o ano entre US$ 75 bilhões e US$ 80 bilhões - acima dos US$ 65 bilhões obtidos com Investimentos Estrangeiros Diretos (IED).
"Então, IED não cobre tudo, é preciso também capitais de portfólio", destacou. "A expansão fiscal sobre investimento em questões estruturais é importante. Sem reformas, se não fizer isso, não chegará lá. Do jeito que está, no laissez-faire, o crescimento é baixo."
Para impulsionar os investimentos no País, Pastore entende que o governo precisa alterar o foco da política fiscal: priorizar a ampliação da Formação Bruta de Capital Fixo (FMCF), e não ao consumo corrente da população.
A dependência de capitais externos para fechar as contas, de acordo com o ex-dirigente do BC, não é uma situação absolutamente tranquila. Há a perspectiva de que, no médio prazo, os Estados Unidos iniciem processo de saída da política de afrouxamento quantitativo.
"Quando Ben Bernanke (presidente do banco central americano) começar a tirar estímulo do QE (afrouxamento quantitativo), isso poderá depreciar o câmbio no Brasil", destacou. "Essa desvalorização é ótima do ponto de vista da indústria, mas na transição de uma economia com câmbio sobrevalorizado para desvalorizado isso vai provocar uma transição contracionista", sobre o nível de atividade.