O País precisa de uma política industrial definida, que conte com a participação do Estado, para melhorar as condições das empresas brasileiras de competir no mercado internacional e para realizar uma substituição competitiva de importações, afirmou ontem à noite o presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Ivoncy Ioschpe, em palestra no Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), em São Paulo. "A empresa brasileira não é menos competitiva que a de outros países. O que ela precisa é de condições favoráveis para avançar sobre o mercado externo, como juros mais baixos, menos impostos e Custo Brasil menor", argumentou Ioschpe. Segundo ele, o atual governo jamais considerou a hipótese de criar uma política industrial. Porém, acrescenta, está mudando. "Nossas idéias começam a ser compreendidas pelo governo", afirmou. Passivo externo preocupa Ivoncy Ioschpe afirmou que é o "exorbitante passivo externo" do País que impede que o Banco Central (BC) reduza ainda mais os juros básicos, hoje em 18,75% ao ano. Para ele, "o custo do capital depende da área externa, do risco-país. A primeira coisa que o analista internacional pergunta é como vamos pagar isso. Como acha que não vamos conseguir, aumenta a taxa de risco e o custo do capital", explicou. De acordo com ele, o passivo externo líquido era de US$ 181 bilhões em 1995 (26% do PIB), elevou-se a US$ 366 bilhões em 1999 (69% do PIB) e passou a US$ 424 bilhões no ano passado (83% do PIB). "O crescimento do passivo externo foi de 15% ao ano desde 95, enquanto o PIB cresceu a um ritmo de 2,5% ao ano e a renda per capita, 1%", disse. "Eu tenho certeza de que o presidente do BC (Armínio Fraga) gostaria de baixar amanhã os juros para 5% ao ano, mas não pode por causa do passivo externo", disse Ioschpe. Críticas ao protecionismo americano Na visão do presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, o governo norte-americano instalou o protecionismo às importações de aço para proteger a indústria do país, salvar os empregos dos trabalhadores das siderúrgicas e manter os votos dos políticos que apóiam o presidente George W. Bush. "O que os EUA estão fazendo é proteger sua indústria por três anos, para que ela se torne competitiva, uma forma de política industrial", disse. Segundo ele, algo que não existe no Brasil.