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Brasil quer dobrar seu poder de voto no FMI

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Por Redação
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O governo brasileiro quer praticamente dobrar seu poder de voto dentro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e vai defender que os países emergentes fiquem com 50% dos votos dentro do Banco Mundial (Bird). Fora dos holofotes, o Brasil trabalha para garantir que os discursos favoráveis de países ricos em relação à reforma do Bird e do FMI comecem a se transformar em ações concretas. Amanhã, o assunto entra na pauta da reunião do G-20 (grupo das 20 economias mais industrializadas), na Basileia. A percepção do Brasil é de que já há uma decisão política de que entidades como Bird e FMI precisam ser reformadas para dar mais poderes aos países emergentes. O raciocínio do governo brasileiro é de que a pior crise em 60 anos seja uma janela de oportunidade para a reforma. O Brasil não quer deixar que a reforma perca ímpeto diante de uma percepção de que a situação começa a voltar ao normal. Para o governo brasileiro, a estratégia é tornar a tomada de decisão nos fóruns um exercício "mais plural" e evitar que visões de alguns países se tornem hegemônicas. Na quinta-feira, representantes brasileiros estiveram em uma reunião em Washington, nos Estados Unidos, para tratar da reforma do Bird, que precisa ser concluída até abril de 2010. A ideia defendida pelo Brasil é de que metade dos votos em qualquer decisão do banco seja dos países em desenvolvimento. Hoje, 56% dos votos no Bird estão com 29 países ricos. Já os demais 156 representam apenas 44% dos votos. O Brasil tem 2,06% dos votos. O que o governo quer é que haja paridade. O Brasil insiste para que fique claro que a escolha dos novos presidentes seja feita sem levar em consideração a nacionalidade do candidato. Outra reforma que o Brasil vai cobrar neste fim de semana na Basileia é a do FMI, com o que o governo chama de "um realinhamento significativo" do peso de cada país. O governo brasileiro e de outros emergentes julgam que as economias europeias são sobrerrepresentadas. Em Londres, líderes prometeram aumentar o capital do FMI em US$ 500 bilhões. Japão, Estados Unidos e Europa deram, cada um, cerca de US$ 100 bilhões. Já a China anunciou que daria outros US$ 50 bilhões, enquanto Brasil e Rússia anunciaram um empréstimo de US$ 10 bilhões cada. O recado do Brasil ao Fundo é de que esse empréstimo não deve ser visto como uma solução definitiva e que uma reforma precisará ocorrer. O que o Brasil deu seria praticamente um equivalente de seu peso dentro da entidade diante da necessidade de um financiamento de US$ 500 bilhões. O governo vai dar um recado amanhã de que os empréstimos não devem diminuir os esforços por uma reforma. Uma primeira rodada de reformas ocorreu em 2008. No total, 2,7% do poder de voto dos países ricos foi transferido aos emergentes. O Brasil foi um dos que mais ganharam. Passou de 1,3% dos votos para 1,7%. Mas o déficit de representação ainda é importante. Se o critério de poder de compra for utilizado, o Brasil teria de ter 2,9% dos votos na entidade. O déficit de poder chega a 1,2 pontos porcentuais. A reforma do FMI é considerada a mais complicada e deve durar até 2011. Em outubro, uma segunda rodada da reforma ocorreu, transferindo mais de 1,45% dos votos dos ricos aos emergentes, além de criar mais uma cadeira no conselho de administração para um país africano.

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