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Brasil quer tirar dólar dos negócios com a Índia

Comércio em moeda local já é feito com a Argentina e está prestes a ser acertado com a China

Por Jamil Chade e BASILEIA
Atualização:

Depois de iniciar trabalhos com a China, o Brasil entrou ontem em entendimentos com a Índia para estudar a adoção de moedas locais no comércio bilateral. Ontem, na Basileia, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, esteve reunido com autoridades indianas para dar início ao processo de substituição do dólar no comércio entre os dois países. No sábado, Meirelles já havia fechado um entendimento similar com a China. O objetivo do governo é dispensar gradativamente a moeda americana nas relações com seus principais parceiros e, assim, reduzir a volatilidade nas transações. No médio prazo, a esperança do Brasil é que alguns produtos comecem a ser cotados não mais em dólares, mas em moedas locais. No caso da Índia, o BC informou que uma missão será enviada pelo Brasil para discutir o projeto com autoridades na capital, em Nova Délhi. Indagado pelo Estado, o presidente do Banco Central chinês, Zhu Xiaochuan, confirmou o interesse do país. Estamos discutindo a possibilidade de um gradual uso de nossas moedas para o comércio e projetar investimentos", disse. Hoje, a China já tem acordos similares com seis outros países, num comércio total de US$ 95 bilhões. O acordo com a Argentina foi fechado em duas semanas. Mas ele garantiu que não mudaria sua política de reservas. Na sexta-feira, ele havia defendido uma nova moeda global, o que gerou preocupações de que a China estaria prestes a diversificar suas reservas de quase US$ 2 trilhões. Também na sexta-feira, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, afirmou que o Brasil não temia a diversificação das moedas. Mas garantiu que não seria "uma aventura". Depois de dois anos de trabalhos, o Brasil conta com o mesmo mecanismo no comércio com a Argentina e pretende implementar o sistema com o Uruguai até setembro. No comércio com a Argentina, o mecanismo criado pelo Brasil responde por menos de 1% do comércio bilateral. Mas Meirelles aposta que essa taxa vai crescer diante da decisão de implementar também um mecanismo de financiamento em moeda local. A decisão política já foi tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma recente viagem à China e reconfirmada na primeira reunião de cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), há duas semanas. Tanto o governo da China como da Rússia vêm aumentando o tom de críticas contra o dólar.

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