Publicidade

''Brasil sairá mais rápido da crise''

Entrevista - Italo Lombardi: analista de América Latina na Roubini Global Economics; Analista da consultoria de Nouriel Roubini diz que o Brasil será o primeiro país da América Latina a se recuperar da recessão

Por Patrícia Campos Mello e WASHINGTON
Atualização:

O Brasil será o primeiro país da América Latina a sair da crise. Essa é a previsão de Italo Lombardi, analista de América Latina na Roubini Global Economics, a consultoria do economista Nouriel Roubini, que ficou conhecido no meio financeiro como "Dr. Catástrofe" por ter previsto a crise financeira internacional. Lombardi, como a maioria dos economistas, se surpreendeu com o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre, melhor do que o esperado - ele havia previsto queda de 2,3% em relação ao primeiro trimestre de 2008, e de 1,6% em relação ao quarto trimestre de 2008. O analista acredita que o País está muito melhor do que as outras nações da região. Mas ainda se mostra cuidadoso e não crava o fim da recessão no Brasil. Para ele, "ainda existem sinais ambíguos, não dá para dizer com certeza que o País está saindo da recessão". A seguir, trechos da entrevista concedida por telefone ao Estado. O Brasil chegou ao fundo do poço? Olha, ainda existem sinais ambíguos. Não dá para dizer com certeza que o País está saindo da crise. Por exemplo, a produção industrial de abril encolheu 12,5%, levando a crer que o investimento virá muito fraco no terceiro trimestre, de novo. Ao mesmo tempo, o fluxo de capital externo traz muito otimismo, o investimento externo direto pode puxar o investimento total da economia. Na comparação com outros países da América Latina, como está o Brasil? O Brasil está melhor do que todos os países. O Chile teve uma piora muito grande na produção industrial, no México, os analistas não param de revisar estimativas para baixo. O Brasil será o primeiro país da América Latina a sair da recessão, e sairá mais forte. O Banco Central já está até acumulando reservas. O que o Brasil fez de diferente para se sair melhor na crise? A política monetária foi muito acertada, é muito séria e traz estabilidade, estimula a retomada dos fluxos externos, por exemplo. Nosso colchão de reservas também ajudou muito. O choque no câmbio que sofremos foi leve - dez anos atrás, uma crise dessas teria quebrado o País. Agora temos uma vulnerabilidade externa muito menor, como todo mundo sabe. Com os resultados do PIB melhores do que o esperado, o sr. vai revisar para cima suas previsões? Ainda não. Acho que o desemprego ainda vai aumentar, o que afeta o poder aquisitivo. O crescimento real dos salários também vai continuar desacelerando. Por isso, ainda quero esperar para ver como o consumo será afetado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.