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Brasil será refúgio de empresas espanholas em 2009, diz estudo

Relatório indica que mercados brasileiro e mexicano serão prioridade no ano que vem.

Por Anelise Infante
Atualização:

Um estudo econômico elaborado para a Bolsa de Valores de Madri, divulgado nesta sexta-feira, sugere que algumas das principais empresas espanholas planejam se refugiar da crise no Brasil e diz que os mercados brasileiro e mexicano serão prioridade para os investimentos em 2009. O levantamento das agências Gavin Anderson e IE Business School indica que 75% das empresas do índice Ibex 35 (que reúne as maiores companhias com ações na bolsa de Madri) pretendem aumentar os investimentos na América Latina diante da recessão na Europa e nos Estados Unidos. O estudo considera Brasil e México mercados mais protegidos dos efeitos da crise global do que outros países. Outro fator atraente, segundo o relatório, é o aumento da demanda interna. De acordo com o estudo, 70% dos dirigentes das principais companhias espanholas avaliam que a maior vantagem da América Latina sobre outros mercados emergentes está no potencial de seus mercados internos. "Houve um importante crescimento da renda per capita da classe média no Brasil, e também no México e no Chile", disse à BBC Brasil o economista Juan Carlos Martínez Lázaro, coordenador do relatório e professor da IE Business School. "Atualmente, são mercados que oferecem segurança jurídica e estabilidade graças às reformas legais, o que incita a um maior fluxo de compras", acrescentou. Resultados ruins Apesar do otimismo, os analistas espanhóis afirmam que os mercados latino-americanos também serão atingidos pela crise. Em uma pesquisa com investidores, a resposta foi que 95% esperam resultados ruins na região em 2009, embora menos do que em outros países. Os empresários consultados também se queixam da falta de qualificação da mão-de-obra e das ameaças de instabilidade política. Mas ressaltam que Brasil, México e Chile estão em melhores condições do que os vizinhos - principalmente no sistema financeiro. "Os bancos da América Latina aprenderam, através de experiências dolorosas, a estar sobrecapitalizados e ser conservadores", avalia o analista Urban Larson, outro dos autores do relatório. "Por isso, conseguiram chegar a este momento turbulento com balanços sólidos." "O Brasil tem reservas muito elevadas, e os bancos continuam dando créditos", acrescenta. "Uma situação muito diferente do que acontece no resto do mundo." Setor bancário Os economistas espanhóis colocam como exemplo de equilíbrio do setor bancário brasileiro a recém-anunciada fusão dos grupos Itaú e Unibanco. "Esta união criará uma entidade financeira muito forte", diz Larson. "Ao contrário do que vem acontecendo em outros mercados, onde as fusões ocorrem por necessidade ou desespero, esta operação do Brasil surge de uma posição de força, de solidez do sistema financeiro do país." O relatório, que se baseia nos planejamentos de 20 das 27 empresas do índice Ibex 35 com investimentos na América Latina, também aponta quais mercados devem sair das listas dos investidores. Argentina, Venezuela e Bolívia concentram mais críticas e terão menos investimentos por serem considerados de "alta insegurança jurídica". Quanto a cidades, as preferidas dos empresários para estabelecer grandes filiais são - de acordo com o estudo - São Paulo e a capital chilena, Santiago. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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