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Brasil tem área para plantar cana; vizinhos, não, diz Merkel

Ela declarou preocupar-se com a concorrência entre a produção de alimentos e de biocombustíveis

Por Denise Chrispim Marin , Anne Warth; Gabriella Dorlhiac e da Agência Estado
Atualização:

Em visita ao Brasil, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse que o Brasil tem áreas agrícolas disponíveis para o plantio de cana-de-açúcar direcionado à produção de etanol, mas ressaltou que essa não é a situação de países vizinhos, como a Argentina. Ela declarou preocupar-se com a concorrência entre a produção de alimentos e de biocombustíveis em países onde as áreas disponíveis para agricultura são reduzidas. Ela visitou nesta quinta-feira, 15, a fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP), onde foi inaugurado um centro de realidade virtual para o desenvolvimento de veículos da companhia. Veja também:  Opep culpa subsídios ao etanol por alta de alimentos  Unica: quase 70% da nova safra de cana é direcionada para álcool   A chanceler disse que a Alemanha não é contra a produção de biocombustíveis e que poderá adotar os motores flex na frota de veículos do país, mas voltou a dizer que a Alemanha não cumprirá o prazo estabelecido para que os países da União Européia adicionem combustíveis vegetais aos combustíveis fósseis.   Um acordo estabelecido pelo bloco prevê que, até 2020, os países adotem uma mistura de 10% de biocombustíveis na gasolina. "Nós vamos ter um pequeno atraso quanto à adição de biocombustíveis aos fósseis. Isso tem motivo prático", afirmou.   Preocupações   Angela Merkel destacou que, além da questão dos alimentos, há também o temor de que pequenos agricultores sejam expulsos do campo pelo agronegócio. O assunto será tema de discussões da 5ª Cúpula América Latina, Caribe e União Européia que termina amanhã (16), em Lima. Ela viaja ainda nesta quinta-feira para a capital peruana para participar do evento. A chanceler ressaltou que tecnologias ecológicas são necessárias em grandes cidades como São Paulo.   Ela teceu comentários sobre o trânsito da capital paulista. Nessa manhã, a chanceler chegou ao evento cerca de dez minutos após o horário marcado, mas ontem, na visita que fez ao governador do Estado, José Serra, no Palácio das Bandeirantes, o atraso foi de aproximadamente uma hora e meia. "Só de pensar no trânsito nesta cidade..." disse, comentário seguido de risos da direção da Volkswagen. Questionada por jornalistas alemães que acompanhavam a comitiva, Angela Merkel disse que o motor flex poderá ser utilizado na Alemanha, mas apenas como estratégia futura. "Por que não?", questionou.   Participação no País     Logo que chegou, a chanceler alemã foi recebida pelos presidentes da Volkswagen no Brasil, Thomas Schmall, e pelo presidente do Conselho Mundial de Administração da montadora, Martin Winterkorn e assistiu a uma apresentação das crianças do Coral Da Gente, projeto social do Instituto Baccarelli, mantido pela Fundação Volkswagen.     Em seguida, Angela Merkel discursou na inauguração do centro de realidade virtual da empresa e, por fim, visitou a linha de produção. Ela também participou da doação pela montadora de uma Kombi ao Projeto Alavanca Brasil.     Angela Merkel destacou que a contribuição das empresas alemãs instaladas no Brasil para o crescimento econômico do País. "A Volks contribuiu com uma parte especial porque tem uma longa história no Brasil", declarou. "O Brasil não e só um centro de produção da Volkswagen, mas também um centro de desenvolvimento e inovação. Foi uma decisão estratégica correta", destacou.     Ela disse ainda que o presidente Luis Inácio Lula da Silva é "por assim dizer, filho da Volkswagen". "Apesar de não ter trabalhado aqui, o presidente me contou que quando vinha à fábrica, a qualquer momento, sempre era recebido como um colega", destacou.

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