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Brasil tem déficit comercial recorde em novembro e deve fechar ano com saldo negativo

A balança comercial registrou déficit de 2,35 bilhões de dólares no mês passado, no pior resultado para meses de novembro, por conta da forte queda nas exportações, e deve fechar o ano com o primeiro saldo negativo desde 2000, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira pelo governo. De janeiro a novembro, a balança comercial acumula déficit de 4,22 bilhões de dólares, no pior resultado para o período desde 1998. "Tudo indica que teremos déficit no encerramento do ano", disse o diretor do Departamento de Estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Roberto Dantas, a jornalistas nesta segunda-feira. Apesar de negativo, o resultado de novembro veio um pouco melhor que o esperado por especialistas consultados pela Reuters, que projetavam pela mediana déficit de 2,7 bilhões de dólares. Em outubro, a balança comercial teve déficit de 1,177 bilhão de dólares. A última vez que a balança registrou déficit nos dados consolidados anuais foi em 2000, quando o saldo ficou negativo de 732 milhões de dólares. O déficit registrado em novembro é o maior para o mês da série histórica iniciada com Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), em 1994. Mas, segundo Dantas, mesmo antes de 1994 a balança não registrava déficit tão grande em novembro. As exportações em novembro somaram 15,6 bilhões de dólares, recuo de 25 por cento pela média diária em relação a novembro de 2013, com queda nas vendas de produtos básicos (-25 por cento), manufaturados(-31,7 por cento) e semimanufaturados (-6,2 por cento). Entre itens básicos as quedas mais relevantes foram nas exportações de minério de ferro (-47,5 por cento), petróleo em bruto (-12,6 por cento), farelo de soja (-34,3 por cento) e soja em grão (-76,6 por cento). Entre os manufaturados, destacam-se as retrações em veículos de carga (-46,8 por cento) e automóveis de passageiros (-39,8 por cento). Entre os semimanufaturados, alguns dos maiores recuos foram de ferro fundido (-41 por cento) e açúcar em bruto (-11,9 por cento). As importações em novembro somaram 18 bilhões de dólares, queda de 5,9 por cento ante novembro de 2013, pela média diária, com recuo nas compras de bens de consumo (-9,3 por cento), matéria-primas e intermediários (8,3 por cento) e bens de capital (8,1 por cento). Um dos fatores que influenciaram na queda das importações foi a menor demanda por produtos importados para o período de Festas Natalinas, devido à alta do dólar frente ao real. De acordo com o Mdic, em novembro, recuaram as compras no exterior de brinquedos (-28 por cento), produtos de perfumaria (-32 por cento), calçados (-12 por cento) e bens de informática (-8 por cento). "O dólar mais forte tem afetado a importação de produtos típicos de fim de ano", disse o diretor.

Por LUCIANA OTONI
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COMMODITIES E ARGENTINA PESAM

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No ano, as exportações somam em 207,6 bilhões de dólares, 5,7 por cento a menos em relação a igual período do ano anterior pela média diária das operações, enquanto as importações totalizam 211,8 bilhões de dólares, em queda de 3,9 por cento na mesma comparação.

A redução dos preços das commodities em relação ao ano passado influenciaram negativamente o resultado, com recuo de 21 por cento da cotação do minério de ferro, de 21,3 por cento do milho e de 4,4 por cento da soja. Além disso, a crise econômico-financeira da Argentina também influenciou negativamente a balança, com recuo de 27 por cento nos embarques para o país vizinho, grande comprador de produtos manufaturados brasileiros.

As exportações brasileiras de automóveis recuaram 40 por cento até novembro no ano.

O déficit da conta petróleo recuou para 15 bilhões de dólares até novembro, ante saldo negativo de 19,5 bilhões de dólares no mesmo período de 2013, mas ainda assim permanece como fator de pressão sobre os resultado da balança, disse o ministério.

Com esse desempenho, a balança se tornou um dos principais fatores de deterioração das contas externas do país, que de janeiro a outubro registrou déficit em transações correntes de 70,697 bilhões de dólares.

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