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Brasil tem déficit externo recorde no semestre

Por ISABEL VERSIANI
Atualização:

As transações correntes do Brasil superaram o estimado por analistas em junho e acumularam recorde histórico no semestre, mostraram números divulgados nesta segunda-feira pela autoridade monetária. O déficit no mês passado foi de 2,596 bilhões de dólares, ante superávit de 539 milhões de dólares no mesmo período do ano passado, afetado pelo crescimento das remessas de lucros e dividendos e das importações. O resultado ficou bem acima do déficit de 1,2 bilhão de dólares previsto pelo Banco Central há um mês e também superou as projeções de analistas consultados pela Reuters, que esperavam um déficit de 1,1 bilhão de dólares, de acordo com a mediana das estimativas de 13 analistas. "Houve uma aceleração de remessas de lucros e dividendos nos últimos dias do mês", afirmou a jornalistas o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, ao justificar o resultado. No primeiro semestre, as transações correntes acumularam déficit de 17,4 bilhões de dólares --o maior para este período em toda série do governo, iniciada em 1947--, frente a um superávit de 2,413 bilhões de dólares no mesmo período de 2007. O resultado foi superior aos investimentos estrangeiros diretos acumulados no período, de 16,702 bilhões de dólares. Ainda assim, Lopes argumentou que as contas externas brasileiras são "perfeitamente financiáveis" e que os déficits ainda são inferiores aos registrados atualmente pela maioria dos países com economias comparáveis. O saldo negativo brasileiro, segundo ele, tem refletido principalmente uma elevação das remessas de lucros e dividendos em meio a um cenário de câmbio valorizado e de crescimento da rentabilidade das empresas. O BC estima que, no médio prazo, a tendência é de estabilização das remessas de lucros e dividendos e de aumento dos saldos comerciais. No curto prazo, contudo, o déficit deve seguir em alta. Para julho, a projeção do BC é de que as transações correntes registrem déficit de 2,8 bilhões de dólares, o que levaria o resultado acumulado no ano a um déficit de 20,2 bilhões de dólares --já próximo ao déficit projetado pelo BC para todo o ano, de 21 bilhões de dólares. INVESTIMENTO ESTRANGEIRO CAI Os investimentos estrangeiros diretos no país somaram 2,718 bilhões de dólares no mês passado, ante o volume recorde de 10,318 bilhões de dólares registrado em junho de 2007, quando a siderúrgica Arcelor Mittal adquiriu ações de minoritários da Arcelor Brasil. No ano, os investimentos estrangeiros somam 16,702 bilhões de dólares. Para julho, o BC calcula que os investimentos somarão 3,2 bilhões de dólares. As remessas líquidas de lucros e dividendos feitas pelas empresas somaram 3,396 bilhões de dólares em junho e 18,993 bilhões de dólares no semestre --mais que o dobro dos 9,807 bilhões de dólares remetidos no mesmo período do ano passado. Segundo Lopes, as empresas dos setores automotivo e financeiro têm sido responsáveis pelas maiores remessas. A balança comercial registrou um superávit de 2,718 bilhões de dólares em junho. Nos primeiros seis meses do ano, o superávit comercial foi de 11,349 bilhões de dólares, frente a 20,577 bilhões de dólares no primeiro semestre de 2007. Em 12 meses até junho, o déficit em transações correntes correspondeu a 1,32 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ante déficit de 1,10 por cento do PIB em 12 meses até maio.

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