PUBLICIDADE

Publicidade

Brasil tenta obter apoio internacional para Argentina

Por Agencia Estado
Atualização:

O Brasil ainda não está totalmente a salvo do contágio da crise argentina, apesar do descolamento das duas economias ocorrido nas últimas semanas. "É algo a que devemos estar sempre atentos", disse à Agência Estado uma fonte da área econômica. "Nada deve nos convencer de que a imunidade é de 100%." Por isso, explicou, é de particular interesse do Brasil ajudar o vizinho a superar a crise - não só para resguardar a própria economia, mas também porque os dois países têm um projeto estrutural comum, o Mercosul, e pelo interesse em evitar novos focos de turbulência sociopolítica na região. No auge da crise argentina, o Planalto temeu pela manutenção da democracia no país vizinho. Uma parte da contribuição brasileira à Argentina é explicar à comunidade política e financeira internacional a complexidade da crise. O ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, esteve nesta semana com o secretário de Estado americano, Colin Powell, e com a conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, para pedir que a crise seja vista não só na sua dimensão econômica, mas também na política. "Temos a preocupação de contribuir para a apropriada compreensão do desafio que a Argentina enfrenta", disse Lafer. "Com a mudança do regime cambial, eles têm de estruturar a emissão de moeda; o sistema financeiro nacional enfrenta uma situação difícil; há todos os problemas com relação à liberação dos depósitos bancários; é necessária uma Lei de Responsabilidade Fiscal que discipline o relacionamento do governo central com as províncias; há dificuldades claras de fazer um orçamento", listou. "Tudo isso, num momento em que há problemas em lidar com uma realidade sociopolítica muito sensível." É esse o quadro que o ministro pintou em seus contatos com as autoridades dos Estados Unidos. Esse mesmo tipo de informação tem sido repassada pelos diplomatas brasileiros e pelos integrantes da equipe econômica em seus contatos com a comunidade internacional. A complexidade do quadro argentino foi inclusive tema de conversas do presidente Fernando Henrique Cardoso com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Um assessor da área econômica lembra que o Brasil fez o real flutuar logo após o início do segundo governo Fernando Henrique. A Argentina, em contraste, acabou com a conversibilidade após a renúncia de Fernando de La Rúa e a posse de Eduardo Duhalde, um presidente que não passou pelo teste das urnas. O governo federal argentino ainda precisa construir uma maioria no Congresso e pacificar seu relacionamento com as províncias. Nesse quadro político, é imensa a dificuldade de adotar medidas impopulares, como a retenção dos depósitos bancários e, ao que tudo indica, sua total pesificação. "Acho que as autoridades argentinas têm tido muita coragem", resumiu um diplomata. Leia o especial

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.