Publicidade

Brasil vai crescer menos que países vizinhos, prevê FMI

Fundo alerta países da América do Sul para risco de populismo nas eleições de 2018

Foto do author Rolf Kuntz
Por Rolf Kuntz
Atualização:

WASHINGTON - O Brasil só crescerá mais que três países sul-americanos em 2017 e 2018, a devastada Venezuela, o Suriname e o Equador, segundo as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI). O crescimento brasileiro foi estimado em 0,7% para este ano e 1,5% para o próximo e o País deve ficar atrás dos demais, excetuados aqueles três. A economia venezuelana, arrasada pelo bolivarianismo, deve encolher 12% e 6% em cada um dos dois anos, continuando a trajetória já seguida nos três anteriores.

A diretora-gerentedo FMI, Christine Lagarde, na sede da entidade em Washington Foto: Shawn Thew/EFE

PUBLICIDADE

Os latino-americanos saíram da recessão, como a maior parte do mundo, mas têm baixo potencial de expansão e precisam de mais investimentos e de reformas para ganhar vigor, segundo os economistas do Fundo. A eficiência produtiva diminuiu ou ficou estagnada na maior parte da região desde os anos 1980, embora tenha havido avanços importantes em outros aspectos, especialmente nas condições de estabilidade.

O relatório destaca as incertezas quanto ao prosseguimento das políticas de ajuste, por causa das eleições previstas para os próximos 12 a 18 meses em vários países da região. O populismo é apontado como um risco importante para as economias latino-americanas. No caso do Brasil, incertezas políticas e quanto à orientação da política econômica motivaram uma revisão do crescimento projetado para 2018, com redução de 0,2 ponto em relação à estimativa de abril. Quanto à projeção para este ano, é 0,5 ponto maior que a divulgada há seis meses. A mudança foi justificada pelo desempenho no primeiro semestre.

++Sem crise global, é hora de consertar os países, diz FMI

Inflação. Como a inflação recuou e permanece contida na maior parte da América Latina, incluído o Brasil, pode-se usar a redução de juros e a melhora das condições de crédito para facilitar a expansão dos negócios. Mas estímulos fiscais, por meio de redução de impostos ou aumento de gastos públicos, é desaconselhável na maior parte da região, por causa dos desarranjos nas contas públicas.

Relatório do FMI distribuído ontem atribui esse desajuste, na maior parte dos casos, à perda de arrecadação resultante da baixa de preços internacionais de produtos básicos. Isso vale para as economias mais dependentes do setor primário.

A lista de sugestões para fortalecer as economias inclui investimentos em infraestrutura, maior empenho na formação de capital humano, redução da informalidade no mercado de trabalho, melhora do gasto público, aprofundamento a integração internacional e maior participação da mulher na força de trabalho.

Publicidade

A busca de maior eficiência no gasto público deve ir além de um esforço técnico. O documento menciona o combate à corrupção, o fortalecimento das instituições e o aumento da transparência nas informações sobre administração. O conjunto de recomendações é dirigido a toda a América Latina. .

A rigidez das finanças públicas é apontada como um problema de grande importância no caso brasileiro. A recomendação é diminuir o peso dos gastos obrigatórios. Em relação a isso a reforma da Previdência é classificada como de “primeiríssima importância” pelos economistas do FMI. / R.K.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.