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Brasil vivenciará pressão cambial 'astronômica', diz BNDES

Para superintendente do banco, serão necessárias ações adicionais para reduzir apetite do capital especulativo

Por Jacqueline Farid e da Agência Estado
Atualização:

O Brasil vivenciará uma "pressão cambial astronômica" em um período de um a dois anos e, por isso, são necessárias medidas adicionais para reduzir o "apetite" do capital especulativo pelo País, segundo alerta o superintendente da área de pesquisa e acompanhamento econômico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Ernani Torres. Ele acredita que um dos mais sérios problemas que a economia brasileira enfrentará daqui para frente é o fato de que o País é hoje "uma das principais trincheiras da nova bolha especulativa internacional".

 

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"O IOF foi um belo caminho e não sei se haverá aumento do imposto, mas o governo poderá criar medidas regulatórias, por exemplo", disse em entrevista após palestra em seminário na sede do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), no Rio, acrescentando que "acredito que novas medidas terão que ser tomadas, ainda que adoraria que não fossem necessárias". Torres considera que a economia brasileira "já está bombando" e os dados do Produto Interno Bruto (PIB) vão mostrar uma recuperação importante no terceiro e no quarto trimestres. Ele acredita em expansão do PIB de 5,5% a 6% no ano que vem.No que diz respeito aos investimentos, Ernani Torres admite que a reação está mais lenta do que nos demais segmentos da economia, mas acredita que "até meados do ano que vem, os últimos resquícios da crise vão passar" e o setor privado vai investir mais. Segundo ele, a demanda pelos recursos do BNDES tendem a crescer no cenário de crescimento mais forte e deverão ser necessários novos aportes do Tesouro e maior participação do setor privado no crédito às empresas. "As empresas e o governo querem recursos em reais, essa é uma dificuldade", afirmou.Em palestra, Ernani Torres destacou o papel do BNDES na crise e disse que a queda dos investimentos no primeiro semestre teria sido muito mais forte sem a participação do banco. Segundo ele, enquanto os bancos privados reduziram drasticamente o crédito para pequenas e médias empresas após a crise, os bancos públicos expandiram as operações de crédito em 39% desde o início dos efeitos mais fortes das turbulências internacionais no País, em setembro do ano passado, e o BNDES respondeu por 37% do aumento do crédito nesse período.

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