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Brasileiro já não tem mais tanto medo do desemprego

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:

A evolução favorável do mercado de trabalho ao longo de 2007 tem feito o fantasma do medo do desemprego no início do ano subseqüente se afastar cada vez mais do conjunto de preocupações do brasileiro. Em um tempo não muito remoto, nas pesquisas de expectativas tendo como objeto os sentimentos em relação a um ano que se iniciaria, a variável "medo do desemprego" sempre figurava entre as maiores preocupações. Esse temor, pelo que alguns indicadores mostram, já não figura entre as maiores incertezas do trabalhador. Análise feita pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, comandado pelo economista e diretor da área Octavio de Barros, sobre os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) feita em novembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ressalta esse novo momento da economia do País. "A evolução favorável do mercado de trabalho tem gerado uma maior confiança das pessoas em relação ao emprego, o que tem sido capturado pelo indicador de medo do desemprego", afirmam os especialistas do Bradesco. De acordo com o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), formulado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o indicador atingiu em dezembro o menor patamar de toda a série histórica, iniciada em maio de 1996. Segundo a metodologia utilizada, quanto maior for o índice, menor será o medo do desemprego. Na última quinta-feira, dia 20, o IBGE anunciou que a taxa de desemprego em novembro atingiu 8,20% da População Economicamente Ativa (PEA), estimada pelo próprio instituto em 21,400 milhões de pessoas. Foi a menor taxa de desemprego na nova série histórica iniciada em 2002. A PEA, segundo o estudo do IBGE, ficou estável em relação a outubro, mas cresceu 3,50%, ou cerca de 717 mil postos de trabalho na comparação com o mesmo mês no ano passado. Ainda de acordo com a PME, o número de desempregados caiu 5,00%, para abaixo de 2 milhões de pessoas, no mês passado. Na comparação com novembro de 2006, foi apurada queda de 12,00% do contingente de desempregados na média das seis regiões em que o IBGE coleta informações. Ainda no confronto com novembro de 2006, houve quedas em Porto Alegre (-21,30%), Belo Horizonte (-18,70%), Recife (-15,20%) e São Paulo (-12,20%). Surpresa Segundo lembram os economistas do Bradesco, a taxa de desemprego apurada em novembro surpreendeu o mercado, que trabalhava com uma expectativa de 8,40% a 8,60%, com mediana de 8,50%, segundo apurou a Agência Estado. "Segundo nossas estimativas, o indicador atingiu a marca de 8,40% com ajuste sazonal, o que representa um recuo em relação aos 8,80% verificados em outubro", contam os economistas do Bradesco. Ainda segundo o banco, uma análise mais detalhada dos componentes da taxa de desemprego indica que o crescimento da população ocupada tem se acelerado nos últimos meses e continua apresentando ritmo mais forte do que o da PEA. "Em novembro, a população ocupada registrou incremento de 717 mil pessoas comparativamente ao mesmo mês de 2006, alta de 3,50%, a maior desde maio de 2005 nessa base de comparação, enquanto a PEA avançou em 455 mil, numa expansão interanual de 2,00%. Após ter crescido a taxas próximas a 3,00% no primeiro semestre ante mesmo mês de 2006, este último indicador tem se estabilizado em patamar próximo de 2,00%", informam os analistas do Bradesco. Massa salarial A melhora no mercado de trabalho, segundo os analistas liderados por Octávio de Barros, também tem sido refletida na evolução da massa salarial, que continua crescendo em ritmo forte, a despeito da desaceleração verificada nos últimos meses. "Acreditamos que esse movimento pode ser explicado, pelo menos parcialmente, pela elevada base de comparação, favorecida pela forte desaceleração da inflação entre 2005 e 2006, e pelo forte reajuste real do salário mínimo no ano passado (ambos os fatores atuando no sentido de incrementar a massa real), o que se repetiu em menor escala neste ano", consideram os economistas do Bradesco. Eles acrescentam que vale destacar, contudo, que o atual patamar de expansão da massa salarial é elevado para os padrões da série nova da PME. A massa de rendimentos na economia, não somente os do trabalho, mas também os assistenciais e os provenientes de pensões e aposentadorias, juntamente com expansão do crédito e o alongamento dos prazos de financiamento, tem desempenhado papel de grande relevância para explicar o aumento do consumo das famílias, que deverá registrar forte expansão neste último trimestre do ano, segundo a Área de Pesquisas Econômicas do Bradesco. "Temos uma estimativa preliminar de 6,00% de alta em relação ao mesmo período de 2006", contam os economistas do banco. Para eles, uma das contrapartidas desse movimento tem sido o aumento das importações, o que não tem, contudo, impedido crescimento da produção física da indústria doméstica. "Em suma, acreditamos que as condições gerais do mercado de trabalho permanecem favoráveis, o que deverá ser mantido ao longo dos próximos meses. Se, por um lado, essa evolução impõe alguns desafios à condução da política monetária no médio prazo, por outro poderá gerar impactos positivos sobre a produtividade do país, uma vez que o emprego formal tem apresentado crescimento expressivo, muito superior ao do emprego sem carteira assinada", prevêem os economistas do Bradesco.

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